The Last of Us: segunda temporada perde força e ignora o bom senso

The Last of Us: segunda temporada perde força e ignora o bom senso

Ao longo dos sete episódios exibidos pela HBO e disponíveis no Max, a série The Last of Us opta por transformar sua trama em uma jornada sobre vingança e redenção, mas sem compreender de fato o peso dramático desses dois temas. A sensação que fica é a de medo. Medo de como os roteiristas insistem em reinventar a roda — quando ela já existe e funciona muito bem.

The Last of Us é a adaptação do jogo homônimo lançado para PlayStation em 2013. Num cenário pós-apocalíptico, os Estados Unidos foram devastados por um fungo mutante. Seus hospedeiros se tornam criaturas canibais conhecidas como infectados. Nesse caos, Joel (Pedro Pascal) perde a filha e passa a atuar como contrabandista entre comunidades sobreviventes.

Ele recebe a missão de escoltar Ellie (Bella Ramsey), uma adolescente imune ao fungo, até um grupo de médicos que acredita poder desenvolver uma vacina a partir de seu sangue raro. A jornada, porém, é mais brutal do que Joel imaginava. A primeira temporada se destacou justamente ao explorar essa relação entre os dois e as tensões do mundo devastado.

Ao final da temporada, após descobrir que Ellie poderia morrer no processo de pesquisa, Joel a resgata de um hospital, matando quem fosse preciso. Eles seguem então para a comunidade de Jackson Hole, onde vive Tommy (Gabriel Luna), irmão de Joel. Cinco anos depois, reencontramos os personagens em clima azedo e distantes um do outro.

A nova temporada começa com Ellie vivendo em uma edícula, afastada de Joel, e se intensifica quando ele a defende de um comentário preconceituoso após ela beijar Dina (Isabela Merced). Em paralelo, somos apresentados a Abby (Kaitlyn Dever), membro do grupo Vaga-lume e filha de um dos médicos mortos por Joel. Depois de cinco anos caçando o responsável pela morte do pai, ela finalmente encontra Joel.

A forma como Abby chega até Jackson Hole é forçada. Após um acidente com Dina e Joel, ela os encontra e inicia seu plano de vingança, culminando na brutal morte de Joel diante de Ellie. A partir daí, a trama abandona a construção dramática e mergulha em uma narrativa rasa de revanche.

A série tenta resgatar alguma coerência apenas no penúltimo episódio, O Preço, que busca justificar motivações dos personagens. Nesse episódio, descobrimos por que Joel e Ellie se afastaram e revisitamos momentos que explicam atitudes frias de Ellie. Há ainda uma cena marcante em que ela canta Take on Me, do A-ha, sozinha em um hotel abandonado.

A segunda temporada já estava finalizada antes de estrear, o que significa que não houve espaço para mudanças mesmo com a queda na audiência. A esperança de repetir o sucesso da primeira temporada se esvai à medida que a série perde foco, força e coerência. O desfecho fica para a terceira temporada, prevista para 2027.

Até lá, resta torcer para que a próxima adaptação de game para a TV venha acompanhada de um roteiro melhor.

 

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