Crítica | Filme | Oh, Canadá

Crítica | Filme | Oh, Canadá

Oh, Canada marca o retorno do diretor Paul Schrader (de A Marca da Pantera e Gigolô Americano) a temas que o consagraram: culpa, redenção e o peso da consciência. Com uma estrutura narrativa fragmentada e escolhas estéticas ousadas, o diretor (aqui também co-roteirista) propõe uma experiência cinematográfica instável, que ora fascina, ora confunde.

A trama acompanha Leonard Fife (Richard Gere), um documentarista americano exilado no Canadá, que decide gravar um testemunho final sobre sua vida. A narrativa se constrói por meio de entrevistas e flashbacks, com Jacob Elordi interpretando o protagonista em sua juventude. A alternância entre os dois atores na mesma cena ressalta a subjetividade da memória e a instabilidade da identidade.

Visualmente, o filme se arrisca: há mudanças bruscas no formato da tela, transições entre preto e branco e cor, além de uma montagem que espelha a mente confusa de Fife. Embora essas escolhas tenham uma intenção clara, podem soar artificiais e afastar o público em busca de uma narrativa mais coesa.

Richard Gere consegue transmitir o cansaço e o arrependimento de um homem diante da morte. Já Jacob Elordi tenta romper com sua imagem de galã, mas nem sempre atinge o peso dramático exigido. Uma Thurman, como a esposa de Fife, tem bons momentos, apesar do tempo limitado em cena.

Oh, Canada é um filme que exige entrega e paciência. Sua abordagem não linear e seu estilo visual experimental podem ser desafiadores, mas premiam o espectador menos imediatista. Schrader continua, assim, seu mergulho profundo na alma de personagens marcados por falhas, tentando encontrar sentido no fim da estrada. Estreia em 5/6 distribuído pela Califórnia Filmes.

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