In Memoriam – Frederick Forsyth (1938 – 2023)

In Memoriam – Frederick Forsyth (1938 – 2025)

Durante mais de quatro décadas, as tramas do jornalista e novelista britânico Frederick Forsyth fizeram o leitor não desgrudar nenhum simples momento das páginas recheadas de informações e enredos que poderiam ter acontecido de verdade. O motivo de ele ter arrebanhado milhares de fãs ao redor do mundo foi seu estilo único de contar uma história: mesclar fatos reais com drama literário.

Após servir na RAF – Força Aérea Real, Frederick decidiu usar todo o conhecimento adquirido em letras na universidade espanhola de Granada e conseguiu um emprego no Eastern Daily Press, como repórter. A experiência o levou a trabalhar na Reuters, uma das mais importantes agências de notícias da Europa. Seu trabalho de investigar fatos relacionados com a política mundial foi o elemento que o levou a escrever A História de Biafra – O Nascimento de um Mito Africano, em 1969. O livro apresentava os fatos relacionados com a revolução naquela região africana que Frederick presenciou como repórter.

Ao ler as notícias sobre o atentado à vida do presidente francês Charles de Gaulle, o jornalista revelou seu talento para contar histórias de suspense político. Em 1971, O Dia do Chacal se transformou num best-seller instantâneo, colocando o livro nas listas dos Top 10 de vários jornais ao redor do mundo. O sucesso levou o diretor Fred Zinnemann a mergulhar na adaptação para o cinema dois anos depois.

Nos anos seguintes, o estilo de mesclar fatos da história contemporânea com ficção resultou em outros sucessos como O Dossiê de Odessa (1972), sobre a caça aos remanescentes do nazismo; Cães de Guerra (1974), que mostra a atuação de mercenários em países do Terceiro Mundo; A Alternativa do Diabo (1979), sobre uma crise agrícola na União Soviética que coloca líderes mundiais à beira de uma decisão que poderá gerar uma crise sem precedentes; e O Quarto Protocolo (1984), com a revelação de que um agente do serviço secreto inglês era, na verdade, um infiltrado de Moscou, em meio a uma trama sobre um atentado nuclear.

Usando a espionagem e o trabalho de agentes infiltrados, ele criou obras tensas e quase reais como O Punho de Deus (1994), sobre uma possível arma de destruição em massa dos iraquianos. Em O Afegão (2006), ele coloca um agente infiltrado dentro da conhecida organização terrorista al-Qaeda para descobrir o próximo atentado em solo americano. E, finalmente, O Cobra (2010), mostra um plano secreto do governo americano para acabar com o tráfico de drogas.

Em 2016, Forsyth decidiu se aposentar junto com sua máquina de escrever. Aliás, ele nunca usou um computador para criar suas obras-primas. Mas, dois anos depois, ele aproveitou a onda mundial sobre ciberataques e criou a trama principal de A Raposa. A história mostra um agente britânico renegado usando um gênio da computação para atacar o Irã e a Rússia.

Fora dos dramas de espionagem e conspirações, Frederick Forsyth escreveu O Fantasma de Manhattan (1999), que é uma sequência do clássico O Fantasma da Ópera. Em 1997, foi nomeado Comandante da Ordem do Império Britânico em reconhecimento por sua contribuição à literatura.

Seu livro de memórias The Outsider: Minha Vida de Intrigas foi publicado em 2015. No livro, Frederick Forsyth afirma que um jornalista jamais deve, por mais sedutores que sejam, se juntar ao establishment. O trabalho do jornalista é responsabilizar os poderosos, e não se juntar a eles:

“Em um mundo cada vez mais obcecado pelos deuses do poder, do dinheiro e da fama, um jornalista e um escritor devem permanecer distantes, como um pássaro no trilho, observando, anotando, investigando, comentando, mas nunca se juntando a eles. Em suma, um outsider”.

Frederick Forsyth faleceu nesta segunda-feira, na cidade de Buckinghamshire, na região sudeste da Inglaterra, aos 86 anos de idade.

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