Perdoa-me, tu és razão dos meus sonhares
Entreguei meu coração versar amando,
Eu que sempre sonhei beijo te roubando
Choro a vergonha dos meus castos pudores.
De meus tristes olhos repletos de nostalgia
Não hás de escutar meu silente lamento,
Tu és a pedra fria do meu desencanto
Luto para deixar vida efêmera de hipocrisia.
Morro de tanta dor, anelo teu amor senhora
O meu peito explode visões além-mares,
Aguardo dia e noite, luzir nova aurora.
Na pálida luz da lua, qual dor sombria,
Fria amante de tantas vertigens lunares;
Meu ser se esvai, tento conter a agonia.
Meus dias são tristes quanto o inverno,
No despertar longe de teus lábios
Minha vida se perde no fluxo dos rios.
Do morto que tu me fizeste subalterno.
No soluço dos esquecidos te encontro
Quais crianças que perderam a gincana.
Se desesperam banhadas em prantos,
Eu sigo tonto rastejando como iguana.
Dentre o ressuscitar dos amantes,
Qual lufar o vento carregado de adeus.
Corroendo e partejando almas errantes
Escrevo versos que não são meus.
No coibir transformaram minha alma
Em retalhos – pedaços de melancolia.
Que vive no refúgio a procura da calma
Se aquiesce entre favos minha triste poesia.
