Olha, conheço algumas pessoas que não curtem Tom Cruise. Às vezes, nem seus filmes.
Comumente, a pessoa nem sabe dizer como essa birra começou. Ou acham o cara baixinho demais. Ou lembram da Cientologia. Ou pensam que ele faz força demais para agradar ou para passar uma imagem de herói.
Afinal de contas, o cara pilota não sei quantos tipos diferentes de avião (helicóptero também), motocicleta, carro, fez curso de tiro, prende a respiração por seis minutos… Deve ter mais coisa aí, mas eu não lembro.
E não importa! Sabe por quê?
Porque ele é o cara!
Dentro daquele conceito mais romanceado dos artistas de cinema, ele é o que se pode chamar de astro.
A-S-T-R-O. Isso mesmo. Tudo com maiúsculas. E eu não estou falando alto.
Tom Cruise tem star power de sobra, tem dinheiro para bancar suas próprias produções, tem uma reputação inabalável e parece ter assinado um pacto com o Diabo na conquista da imortalidade.
O Top Gun – Ases Indomáveis (1986) catapultou a carreira de Cruise e de outros atores do filme. Aliás, uma dica: confiram o documentário Val, do Prime, se quiserem saber um pouco mais sobre bastidores de Top Gun.
Gerou um monte de teorias preconceituosas por conta de um elenco predominantemente masculino, muita gente sem camisa e de toalha e por uma Kelly McGillis em papel quase decorativo. Mais uma vez, quem sem importa.
Top Gun – Maverick demorou para ser lançado. Sua data inicial era 2019. Só saiu do papel muito em parte à dedicação de Tom Cruise, que topou retomar seu papel desde que as cenas com aviões fossem reais e não resolvidas com tela verde.
Assim, parte do elenco teve que ficar no shape não apenas para a cena de futebol americano na praia. Mas também porque se submeteu a um treinamento parcial aplicado aos pilotos de jato. Como mergulhar em um tanque com água, vendado, de ponta cabeça e preso ao acento de um avião com o cinto de segurança.
Veio a Covid-19 e Top Gun – Maverick foi sendo adiado. O que acabou sendo bom para o filme, uma vez que ele teve sua première mundial no último Festival de Cannes. Tom e o filme foram ovacionados e o astro ainda recebeu uma homenagem por sua carreira.
E foram os franceses que fizeram isso! Normalmente avessos ao cinema comercial americano e protecionistas de seus filmes.
Homenagem à Tony Scott
Top Gun – Maverick rende uma homenagem em texto ao falecido Tony Scott, diretor de Ases Indomáveis.
Ele desenvolvia o projeto para esta continuação quando morreu.
A grande homenagem a ele, entretanto, é o próprio Top Gun – Maverick, que mantém a linguagem visual, estilo de trilha sonora e história semelhantes ao original.
O ingrediente a mais talvez sejam as cenas onde o personagem Goose (vivido em 1986 por Anthony Edwards) e Iceman são, digamos, “mencionados”. E vamos parar por aí para não estragar o clima. E a relação de Maverick com Rooster (Miles Teller, de The Offer), filho de Goose.
A história
Quase no fim de sua carreira como aviador, Pete Maverick Mithcell (Cruise) tem seu retorno ao Top Gun ordenado. A ideia é utilizar sua experiência para treinar jovens pilotos que vão encarar uma missão difícil em território inimigo.
Seus métodos pouco ortodoxos preocupam o comandante da base (Jon Hamm, de Mad Men) e incomodam seus comandados. Entre eles está Bradley Rooster Bradshaw, filho de seu falecido parceiro, Goose.
Entre os treinos pesados, porém, há tempo de Maverick rever um antigo amor, Penny Benjamin (Jennifer Connelly, de Alita – Anjo de Combate). E alguns grandes amigos…
Show visual e sonoro
Se você decidir assistir a Top Gun – Maverick no cinema, fica o conselho. Procure uma sala com boa qualidade de projeção e de áudio. O filme exige, desde o seu primeiro minuto.
Quando falei que ele todo é uma grande homenagem à Tony Scott é, em parte, por causa das imagens e do áudio. Trata-se de um convite para entrar no filme e, quem sabe, até mexer o corpo na hora em que um caça mergulha.
Realmente, as cenas de combate ou estão à altura ou superam às do Top Gun de 1986. Belíssimas tomadas aéreas e, ainda que possa ter rolado CGI (não fui capaz de cravar onde), isso não interfere com o entretenimento.
O público decide onde gastar o dinheiro. E eu não sou besta de apontar para esse ou aquele filme com toda a garantia do mundo. Posso prevenir, porém, que Top Gun – Maverick não é filme-cabeça, não deixa mensagens profundas e não propõe a revolução.
Mas que é puro entretenimento, ah, isso é! O filme estreia em 26 de maio em circuito nacional, distribuído pela Paramount Pictures.

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