Quando Bresson encontra a modernidade concreta atual, também referida como pós-modernismo, Hot Milk vem à mente. Uma narrativa que acompanha certamente de maneira nada fluída e rápida, mas o oposto. Se a fatídica geração Z é conhecida por certos atributos estereotipados, Hot Milk contradiz o todo.
Acompanhamos Sofia, uma jovem extrovertida e intrigante, e sua mãe que vão a uma ilha espanhola para tratar uma doença que ela desenvolvida pela idade e pela sua personalidade. O tratamento? Ter que falar suas memórias de vida enquanto sua filha a observa e tenta perceber se parece a figura materna explosiva ou se irá em direções opostas.
Como dito, Bresson é o que vem. As relações humanas e as belezas da vida em si. Sofia está em um dilema: será que é parecida com a temerosa mãe ou será que irá se sobressair dessa vida?
Algo intrigante e que é submetido por toda a história. Em Hot Milk, o ato do esperar é o longa em si. Esperar e observar os mais diversos trejeitos e traquejos de tais pessoas em tela. Em quem confiar? Em que não? Essa faísca de conflito abre a discussão e a sustenta primorosamente.
Sua fotografia segue em rédeas similares, ao misturar pop com os clássicos diálogos do tipo. Um filme bressoniano hiper estilizado.
Assim, ao chegar ao fim, não pude deixar de observar o quanto o ato de observar no cinema faz falta a cada dia mais. Porém, quando utilizado, o próprio brilha tanto quanto sua organização de falas. Estreia em 3/7 distribuído pela MUBI/O2 Play.
