É impossível desassociar a abertura de Arquivo X de um dos momentos mais marcantes da história da televisão mundial. Instigante e misteriosa, o som de um assovio anunciando que o espectador iria entrar numa investigação além da imaginação é a marca registrada do talento de Mark Snow, que partiu para outras composições aos 78 anos.
Nascido como Martin Fulterman, em 26 de agosto de 1946, no Brooklyn, Mark começou a estudar piano aos 10 anos, seguido de oboé e bateria. Na High School of Music and Art de Nova York, conheceu seu futuro amigo de trabalho Michael Kamen, responsável pelas trilhas de Máquina Mortífera e Duro de Matar. Colegas de quarto quando estudaram na lendária Juilliard School of Music, entre 1964 e 1968, a dupla ajudou a fundar o New York Rock & Roll Ensemble, que misturava música clássica com pop, criando um ritmo inigualável.
Em 1974, após uma breve passagem como produtor musical, mudou-se para Los Angeles, onde teve sua primeira grande oportunidade na TV. Seu cunhado, o ator Georg Stanford Brown, sugeriu ao produtor Aaron Spelling dar uma chance ao jovem compositor, enquanto produzia a série Os Novatos, para a Rede ABC. Ele compôs a trilha para seis episódios.
Esse foi o momento em que Martin Fulterman adotou o pseudônimo Mark Snow, passando a TV a ser seu principal território de trabalho. Mark criou trilhas para séries produzidas por Aaron Spelling, como Casal 20, Carro Comando, Starsky e Hutch – Justiça em Dobro (1975), O Barco do Amor (1977), Vega$ (1978) e Dinastia (1981), além do famoso telefilme O Rapaz na Bolha de Plástico (1976), um dos primeiros sucessos de John Travolta.
Mark Snow foi um dos primeiros a fazer a transição para o meio totalmente eletrônico no final da década de 1980, trabalhando sozinho em seu estúdio em casa. Foi lá que nasceu uma das mais famosas e lendárias trilhas de sua carreira: Arquivo X (1993). Ele compôs a música para mais de 200 episódios da série, incluindo as novas temporadas feitas em 2016 e 2018, além dos dois longas-metragens para o cinema em 1998 e 2008.
Sua parceria com o produtor e roteirista Chris Carter o levou a fazer as trilhas das séries Millenium (1996), Harsh Realm (1999) e Os Pistoleiros Solitários (2001). Curiosidade: toda a trilha sonora de Arquivo X, com alguns episódios contendo quase 40 minutos de músicas, foi criada em seus sintetizadores, samplers e outras máquinas de fazer música, no estúdio construído dentro de sua casa.
Seis de suas 15 indicações ao Emmy foram por Arquivo X, e outras cinco foram por filmes e minisséries de alta audiência. Ele também foi indicado ao Emmy por compor a trilha da série Um Homem Sem Passado, estrelada por Bruce Greenwood, em 1998. Infelizmente, Mark não ganhou nenhuma. Em compensação, a trilha de Arquivo X entrou no Top 10 das paradas da Inglaterra, Irlanda, França e em toda a Europa em 1996.
Muitos críticos e colegas de trabalho acreditam que a trilha de Arquivo X trouxe uma linguagem totalmente nova para a música na telinha. Seus trabalhos mais recentes foram com as séries Smallville (2001), Ghost Whisperer (2005) e Blue Bloods (2010).
Mark faleceu no dia da Independência dos Estados Unidos, em sua casa em Connecticut, ao lado de sua esposa, suas três filhas e quatro netos.

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