A Cinemateca Brasileira realiza, nos dias 26 e 27 de julho, uma programação especial dedicada à Companhia Cinematográfica Vera Cruz, com exibição de títulos raros e uma masterclass com o pesquisador e curador Donny Correia. O evento celebra os 75 anos da fundação do estúdio que marcou um capítulo ambicioso e controverso da história do cinema brasileiro.
Serão exibidos cinco longas-metragens e dois curtas que ajudam a reconstituir a trajetória da Vera Cruz para além dos clássicos mais conhecidos. A seleção inclui produções menos lembradas como Ângela, Appassionata, Veneno e Floradas na Serra, além dos curtas documentais Santuário (foto) e Painel, ambos dirigidos por Lima Barreto. A cada sessão, um curta-metragem será apresentado como introdução ao longa principal, em uma tentativa de recriar o clima das exibições da década de 1950.
Criada por Francisco Matarazzo Sobrinho e Franco Zampari, a Vera Cruz buscava profissionalizar o cinema brasileiro, apostando em grandes produções com apuro técnico e estética internacional. Com nomes como Tônia Carrero, Anselmo Duarte, Eliane Lage e direção técnica de Alberto Cavalcanti, os filmes da companhia enfrentaram, no entanto, resistência do público e da crítica, que viam nas obras uma distância cultural do Brasil da época.
Foi apenas a partir de 1952 que a Vera Cruz começou a adaptar seu foco para projetos com maior apelo popular, como os filmes com Amácio Mazzaropi e o sucesso internacional O Cangaceiro, de Lima Barreto. Ainda assim, a companhia encerraria suas atividades quatro anos após sua fundação, deixando como legado uma filmografia que ajudou a moldar os rumos da produção nacional.
A programação busca resgatar essa diversidade ao destacar filmes de menor orçamento, voltados ao público interno e ao retrato de uma classe média urbana emergente.
Programação completa
Sábado, 26 de julho
- 15h – Masterclass: Vera Cruz, a epopeia de um cinema interrompido, com Donny Correia
- 17h – Caiçara, de Adolfo Celi (1950, 92 min)
- 19h – Painel, de Lima Barreto (1951, 16 min)
- Na sequência: Ângela, de Tom Payne e Abílio Pereira de Almeida (1951, 95 min)
Domingo, 27 de julho
- 15h – Santuário, de Lima Barreto (1952, 19 min)
- Na sequência: Appassionata, de Fernando de Barros (1952, 80 min)
- 17h30 – Santuário, de Lima Barreto (reprise)
- Na sequência: Veneno, de Gianni Pons (1952, 80 min)
- 20h – Painel, de Lima Barreto (reprise)
- Na sequência: Floradas na Serra, de Luciano Salce (1954, 100 min)
