Crítica | Filme | Corra Que a Polícia Vem Aí

Crítica | Filme | Corra Que a Polícia Vem Aí

Eu estava lendo em um dia desses algum figurão de Hollywood falar que já não se faz comédia como antigamente. Nostalgia à parte, tendo a concordar com ele. Pode ser que o politicamente incorreto fosse ingrediente poderoso para o humor. Ou que a criatividade ande em baixa mundo afora. Talvez as duas coisas, ou talvez nada disso.

Particularmente, me divirto bastante, por exemplo, com o tipo de humor do cinquentão Saturday Night Live, sempre atual, ácido e criativo. E muitas vezes politicamente incorreto. Um daqueles analistas de entretenimento com espinhas no rosto pode argumentar que esse tipo de conteúdo (a comédia) não tem encontrado seu público, que não viraliza.

Em dias onde uma campanha de divulgação calcada na exposição em massa pode melhorar o resultado de um filme, pergunto se isso seria legítimo. Porque tais ações criam resultado, mas não criam o desejo de rever tal filme. Força motriz do fã.

Então, narigão de cera à parte, chegamos a uma das estreias de 14/8, Corra Que a Polícia Vem Aí, título distribuído pela Paramount em circuito nacional. Justamente uma comédia que dá sequência a uma franquia começada em 1988 e que já me colocou com um pé atrás.

Porque esses remakes, reboots e afins normalmente não trazem nada de novo. Peguem o recente Happy Gilmore 2, por exemplo, e vão entender o que digo. O caso de Corra Que a Polícia Vem Aí, contudo, é diferente. Méritos do roteirista e diretor Akiva Schaffer, que no mínimo deve ser fanzão do trio ZAZ, responsável pelas séries Corra Que a Polícia Vem Aí e Apertem os Cintos… O Piloto Sumiu!

O resultado prático, infelizmente, tende a agradar mais àqueles familiarizados com estilo besteirol do ZAZ do que garimpar um perfil de público novo. Porque são muitas as homenagens ao primeiro filme da franquia e muitos Easter eggs esparramados em cenas e diálogos. Existem singelas homenagens ao elenco principal de 1988 e sobra um pouco até para O.J.. Olho nas participações especiais também.

Portanto, sim, é possível trazer um filme pelo túnel do tempo e adaptá-lo aos dias de hoje sem comprometer o estilo que popularizou a produção. Parte desse trabalho se deve também, pelo menos aqui no Brasil, ao ex Porta dos Fundos Antonio Tabet, que participou da adaptação do roteiro para nós. Significa que a versão dublada (à qual tive acesso) está bem caprichada, para não deixar no ar nenhuma piada regional americana.

Apenas uma palhinha disso: lá pelas tantas, Frank Debrin (Liam Nesson) explica para Beth (Pamela Anderson), equivocadamente, que seu ex-amor teve propostas para jogar em vários times de futebol do Brasil. Inclusive daquele que não tem mundial. Aposto que tem a mão do Tabet nisso…

Ah, sim, a história! Frank Debrin Jr. investiga a relação entre um assassinato e um bilionário da tecnologia (Danny Huston), que tem um plano secreto para rebutar a civilização, despertando os instintos primais das pessoas. Desacreditado no Esquadrão de Polícia, ele se junta a Beth para desmascarar o vilão e impedir o desastre.

Façam o pit stop do banheiro antes do filme começar, para não perderem o vasto contéudo após os créditos.

Deixe um comentário