O documentário brasileiro No Céu da Pátria Nesse Instante, que estreia em 14/8, distribuído pela O2 Play e pela Lira Filmes, não é exatamente o que se pode chamar de novidade nas telas. Focado nos meses que antecederam as eleições presidenciais no Brasil em 2022 e indo até os ataques terroristas de 8 de janeiro de 2023, o doc capta a divisão e o clima de hostil rivalidade que tomaram conta do país a partir do impeachment da presidente Dilma Rousseff. Aquela coisa de todos, menos o PT.

As imagens selecionadas pela diretora Sandra Kogut ajudam a refrescar a memória, caso você não se lembre muito bem de o porquê hoje encararmos um tarifaço americano em nome da anistia dos envolvidos na recente tentativa de golpe.

Claro, as imagens podem falar por si só, mas claramente argumentam a favor da situação e não da oposição. Porque – também é sempre bom lembrar – o radicalismo não faz bem a ninguém, seja ele de A ou Z. Por isso, não há como negar a tendência a expor cenas já vistas não apenas em obras de cinema, mas como do jornalismo diário. Revelando desinformação, preconceito e intolerância nas mais diferentes formas.

No Céu da Pátria Nesse Instante começa com um áudio de uma mulher negando-se a participar do documentário por temer que seja mais uma daquelas obras da esquerda. Há um peso natural contundente nas declarações colhidas junto aos entrevistados, principalmente nos posicionados contra a reeleição do presidente Lula. Não há maquiagem ou manipulação, apenas fatos. Mas que direcionam, que conduzem.

Ao mesmo tempo pergunto: e onde está a produção audiovisual da direita? E não vale responder nas redes sociais. Falo de conteúdo sério, sem aquela lacração de “Escolinha do Professor Raimundo” dos congressistas de oposição… Onde estão as imagens que direcionam e conduzem para o “país diferente”, como diagnostica um dos entrevistados, visivelmente abalado com o retorno da esquerda ao poder? Onde estão as “caixas pretas” das urnas, que escondem o real resultado da eleição de 2022?

Confesso que não vi novidade em No Céu da Pátria Nesse Instante. O que não abala sua relevância. Em um país historicamente de memória curta, é sempre louvável reviver momentos que marcaram nossa vida recente. Sem direito a cortinas de fumaça geradas em fake news ou discursos que agradam parte da massa. Mas não constroem nada de bom para o País.