Certa vez, ao ser perguntado por um crítico de cinema se não estava fazendo papéis muito estereotipados tanto no cinema quanto na televisão, Graham Greene sorriu e disse: Já interpretei todo tipo de coisa. Interpretei um velho judeu em uma loja de móveis no teatro, interpretei o fantasma de um travesti negro… interpretei soldados britânicos, soldados franceses, policiais de Nova York, advogados, então… não.
Esse bem-humorado ator, que nasceu na Reserva Seis Nações, no Canadá, em 1952, conquistou seu espaço em Hollywood fazendo muito mais do que o “índio da vez”. Além de ser um ator competente e talentoso, suas origens nativas também ajudaram a ser escalado para viver o chefe da tribo que acolheu o Tenente Dunbar (Kevin Costner) no faroeste moderno Dança com Lobos (1990). O papel lhe rendeu uma indicação ao Oscar de Melhor Ator Coadjuvante.
Seu primeiro trabalho após se formar no The Centre for Indigenous Theatre’s Native Theatre School, em Ontário, em 1974, foi interpretando Shylock no clássico de Shakespeare O Mercador de Veneza, além de dar vida a Lenny no drama de John Steinbeck, Ratos e Homens. Considerado um dos primeiros atores indígenas a ganhar destaque em Hollywood, Graham fez seu primeiro trabalho profissional na televisão, na série canadense O Grande Detetive (1979). Sua estreia no cinema foi em Running Brave (1983), interpretando o pai do corredor indígena Billy Mills, campeão olímpico nos Jogos de Tóquio de 1964.
Após participações em produções de cinema e televisão no Canadá e nos Estados Unidos, Graham entrou para o elenco do filme que mudaria sua carreira: Dança com Lobos, vencedor do Oscar de Melhor Filme em 1990 e outras seis categorias. O sucesso comprovou para Hollywood que um ator indígena poderia ser tão talentoso quanto qualquer outro.
Curiosamente, ele viajou para Nova York para uma audição com o diretor Tony Scott para o filme Maré Vermelha (1995). O diretor achou que o ator não caberia no elenco por ser um indígena em um submarino. Greene respondeu que quatro de seus tios haviam morrido no Pacífico a bordo de submarinos americanos. Após a recusa, ele agradeceu a viagem e foi almoçar no Sardi’s, conhecido restaurante italiano que exibe caricaturas de estrelas do cinema. A de Greene também está lá.
Entre seus principais trabalhos após Dança com Lobos estão Maverick (1994), Duro de Matar: A Vingança (1995), À Espera de um Milagre (1999) e A Saga Crepúsculo: Amanhecer – Parte 2 (2012). Na televisão, atuou em séries como Northern Exposure (1990), Being Erica (2010), Numb3rs (2005), Longmire (2012) e a ficção científica Defiance (2013).
Seus trabalhos mais recentes incluem as séries Reservation Dogs (2023), The Last of Us (2023), Echo (2023), o prelúdio 1883 (2021) e Tulsa King (2022), ao lado de Sylvester Stallone. Em 2000, Graham ganhou um Grammy pelo álbum infantil Listen to the Storyteller. Também recebeu um Gemini Award pelo conjunto de sua obra, além de prêmios como o Canadian Screen Award e o Independent Spirit Award. Em 2021, foi homenageado com uma estrela na Calçada da Fama do Canadá.
Graham Greene morreu aos 73 anos. Ele deixa a esposa, Hilary Blackmore, e a filha, Lilly Lazare-Greene.
