Em Suçuarana, os diretores Clarissa Campolina e Sérgio Borges apresentam um road movie que explora a busca de Dora (Sinara Teles) por um lugar meio etéreo, a tal Suçuarana. À medida que o filme avança, se revela como uma metáfora para o vazio deixado por uma Minas Gerais devastada.
O filme exibe as marcas de um progresso prometido e não cumprido. O cenário árido da mineração que abre Suçuarana reflete um estado (e por que não um país?) marcado por crises ambientais e sociais, e é esse contexto que embala a inquietação de Dora.
A trama de Suçuarana não é uma adaptação direta de A Fera na Selva, de Henry James, mas bebe fortemente da obra do escritor inglês. A relação entre a protagonista e o filme de James pode ser observada na obsessão de Dora por um destino que parece sempre escapar, um desejo impreciso de pertencimento, de identidade. Mais comum do que se imagina…
Mas, diferentemente do personagem central no livro de James, Dora não se paralisa pela expectativa, ao contrário, caminha, caminha e caminha em meio a paisagens destruídas, à procura do seu alvo. Além da inquietação, Dora vai se fundindo aos personagens e paisagens que encontra pelo caminho. Alguns bons, outros não.
A direção cria uma atmosfera que mistura o realismo mágico e a crítica social, levando o espectador a uma reflexão sobre a crise ambiental e a falta de alternativas para um modelo econômico predatório. É um filme muito mais para ser sentido, convidando o espectador para uma reflexão em meio a paisagens e personagens. Estreia em 11/9 distribuído pela Embaúba Filmes.
