É muito difícil para mim comprar a ideia de que a minissérie documental aka Charlie Sheen (disponível na Netflix) não é mais um momento em que o ator, nascido Carlos Irwin Estevez, não tenta tirar proveito da turbulência que tem sido sua vida.
Por mais que ele toque em assuntos delicados/polêmicos, por exemplo, como suas experiências sexuais ou o vício em drogas, tudo em parece muito bem encenado. Uma tentativa de trazê-lo ao foco mais uma vez, a partir da exploração de um “mea culpa”.
Isso não significa contudo, que aka Charlie Sheen não é interessante. A série é recheada de imagens da infância de Carlos, muito tempo antes de virar Charlie. E depoimentos de amigos/vizinhos, como Sean Penn; ex-mulheres, como uma quase irreconhecível Denise Richards; e desavenças, como John Cryer, parceiro de Top Gang e Two and a Half Men.
A participação deste último se torna mais curiosa porque neste exato momento cogita-se a possibilidade de um reencontro de Sheen, Cryer e Chuck Lorre, criador da série. Percebem como a indústria do entretenimento não dá ponto sem nó?
O que parece corroborar com isso é o fato de Martin Sheen e Emilio Estevez, pai e irmão de Charlie, terem se recusado a participar da série. Talvez porque tenham vivido na pele todo esse processo autodestrutivo pelo qual Charlie Sheen passou e considerem este mais um momento de exploração do tema. Basta lembrar que, ao ser demitido de Two and a Half Men, Charlie fez uma turnê pelos EUA ligando uma metralhadora giratória contra tudo e contra todos. Um espetáculo decadente, sem qualquer approaching artístico, que visavam gerar dinheiro a partir das polêmicas falas do ator.
Apesar de todas as ressalvas, não dá para esquecer que Charlie Sheen teve um começo de carreira meteórico, catapultado por Platoon, e exibindo certo talento. Uma escolha infeliz aqui, outro ali, puseram tudo a perder. E, como aconteceu com muitas outras celebridades de Hollywood, viveu de recomeços, juras de sobriedade e escândalos após a derrocada. Esse pode ser mais um desses momentos?
