O ator, jornalista, escritor e historiador David José, nome artístico de José Lessa Mattos Silva, faleceu na manhã desta segunda-feira, 6 de outubro de 2025, em São Paulo, aos 83 anos. Pioneiro da televisão brasileira, ele se destacou desde a infância como intérprete de “Pedrinho” na primeira versão do Sítio do Picapau Amarelo (1955–1959), na TV Tupi, e construiu uma sólida carreira como artista e intelectual dedicado à cultura nacional.

Nascido em 21 de fevereiro de 1942, em São Paulo, David José iniciou sua trajetória artística aos 12 anos, no Teatro Escola de São Paulo (TESP), e logo passou a integrar o elenco de produções televisivas e teatrais. Ao longo de mais de três décadas, atuou como ator, diretor, roteirista e produtor, sempre atento à valorização da dramaturgia brasileira e à experimentação estética.

O primeiro trabalho de David no cinema aconteceu em 1955, em O Sobrado, filme dirigido por Walter George Durst e Cassiano Gabus Mendes, baseado na trilogia O Tempo e o Vento, de Erico Verissimo. Seus trabalhos na telona incluem Os Amantes da Chuva (1978), O Homem do Pau-Brasil (1981) e Nasce uma Mulher (1982).

Na televisão, esteve com Irene Ravache na telenovela O Profeta (1977). Dois anos depois, estava no elenco de Cara a Cara, O Todo-Poderoso (1980), Cavalo Amarelo (1980), Rosa Baiana (1980), O Comprador de Fazendas, O Fiel e a Pedra, O Vento do Mar Aberto, todas feitas em 1981.

Em 1979, a convite da atriz Fernanda Montenegro e de seu marido Fernando Torres, David atuou na peça “É”, de Millôr Fernandes, com direção de Paulo José. Contando também no elenco com a presença das atrizes Esther Góes e Nilda Maria, o espetáculo ficou o ano todo em cartaz. Em 1981, participou da ópera Oedipus Rex, de Igor Stravinsky, realizando a narração do texto de Jean Cocteau. O espetáculo foi apresentado no Theatro Municipal de São Paulo e no Teatro Cultura Artística, sob a regência do maestro Tullio Colacioppo. Participou ainda de algumas produções de teleteatro na TV Cultura e, em 1982, realizou seu último trabalho como ator no filme Nasce Uma Mulher, de Roberto Santos.

De 1980 a 1984, David exerceu diversas atividades nas emissoras de TV de São Paulo, entre elas a de diretor de novelas. A partir de 1982, após ser contratado pela divisão de TV do jornal Gazeta Mercantil, começou a atuar como diretor, editor e apresentador de programas jornalísticos. Em 1984, sofreu sua segunda paralisia facial, dessa vez no lado esquerdo do rosto, e abandonou definitivamente a vida artística. Passou a dedicar-se exclusivamente aos estudos, ao ensino e à pesquisa, tornando-se professor do Instituto de Artes da Universidade Estadual de Campinas, atividade que exerceu durante mais de 20 anos.