Você já pode ter visto alguma animação assinada por Célia Catunda, a criadora por trás de O Show da Luna e Peixonauta. Claro, principalmente se você tiver criança pequena por perto. Mas o longa de animação Eu e Meu Avô Nihonjin, também dirigido por Célia, não me parece ser uma história feita apenas para este perfil de público.
Afinal, o filme trata de assuntos relevantes e sempre atuais, como a imigração japonesa para o Brasil. escravidão, trabalho análogo à escravidão, xenofobia, preconceito, intolerância, choque cultural, choque de gerações… A lista é grande. E ele estreia bem quando se celebra os 130 anos do Tratado de Amizade entre Brasil e Japão.
Eu e Meu Avô Nihonjin conta a história do menino Noboru, que precisa apresentar em sala de aula um pouco da história de sua família. Ele recorre ao seu avô, Ojii-chan Hideo, para recontar esse passado. De sua vinda para trabalhar nas fazendas de café em regime de quase escravidão, ao período de perseguição durante e após a Segunda Guerra Mundial.
Nem tudo corre bem, o choque de gerações é inevitável, mas Noboru e Hideo acabam se entendendo. A produção foi inspirada no livro Nihonjin, de Oscar Nakasato, que significa “japonês” em japonês. Destaque para a trilha sonora original, composta por Márcio Nigro e André Abujamra.
E um aspecto bacana de Eu e Meu Avô Nihonjin é o uso dos idiomas sem ressalvas. Como aconteceria naturalmente em uma conversa entre um nativo e um imigrante em qualquer lugar do planeta. As lições e mensagens deixadas pela animação são sutis, ornam com a história, que usa uma linguagem bem acessível, para não torná-la hermética.
Por fim, Eu e Meu Avô Nihonjin é uma história singela, humana e repleta de conteúdo. Comprovando que nem sempre uma animação precisa de musiquinha gracinha para emplacar. Estreia em 16/10 distribuído pela H2O Films.
