Crítica | Filme | Mauricio de Sousa -O Filme

Crítica | Filme | Mauricio de Sousa – O Filme

Uma viagem nostálgica. A frase resume o longa que narra a biografia de Mauricio de Sousa, criador da Turma da Mônica e de todo o universo dos personagens que convivem com os brasileiros há tanto tempo que é difícil encontrar quem não os conheça. Para muitos, o bairro do Limoeiro, onde Mônica e seus amigos vivem, ou a Vila Abobrinha, lar de Chico Bento, são tão parte da vida quanto o lugar onde vivem.

Numa narrativa direta e em ordem cronológica, o filme vai à infância de Maurício (nessa fase vivido por Diego Laumar), retratando uma vida típica do interior paulista nos anos 1940 – o carturnista nasceu em 1935 – época vivida entre as cidades de Santa Isabel e Mogi das Cruzes. Para os leitores, é uma viagem a lugares conhecidos, a goiabeira do vizinho, a casa da avó contadora de histórias, a escola com os amigos, todos elementos que mais tarde se tornariam parte do universo ficcional de Maurício.

Além do passeio pelas referências, o filme também faz questão de mostrar a força de vontade do rapaz que sonhava em viver de sua arte. É quando a história se move para São Paulo, onde Mauricio, agora vivido por Mauro Sousa, filho do cartunista em sua estreia no cinema, dá de cara com o não e também com o conselho que o levaria adiante: aceitar um emprego como jornalista policial. O emprego o colocaria dentro da indústria e, portanto, mais próximo dos editores que ele teria de convencer a comprar seu trabalho.

Não é um caminho sem dificuldades, mas pelo filtro da memória, todas se tornam obstáculos vencidos pela determinação de quem queria viver do que ama e também de quem tinha família para sustentar. É ainda o retrato de um outro Brasil, de jornais regionais que tornaram possível a difusão dos quadrinhos de Maurício e sua sobrevivência, de ferrovias e também da perseguição que o viu como terrorista, talvez o elemento mais inédito para o público dentro do filme.

Filmado com câmeras estáticas para dar ao filme o estilo dos quadrinhos, o longa é um passeio suave, doce, cheio de nostalgia e com momentos de humor. Extremamente parecido com o pai, Mauro Sousa passa bem pela estreia, mas o destaque fica com Elizabeth Savalla como a sábia, incentivadora e decana da cultura popular Vó Dita.

Não é, obviamente, a história completa. Como toda biografia encenada, os fatos são escolhidos e o objetivo aqui, atingido com louvor, foi contar de forma lúdica a história que, na verdade, já conhecemos. Estreia em 23/10 distribuído pela Disney.

Deixe um comentário