Crítica | Série | Task

Crítica | Série | Task

Sabendo que o roteirista e diretor Brad Ingelsby assina a minissérie Task, da HBO, fica fácil estabelecer semelhanças e praticamente o mesmo estilo de narrativa com outra obra sua, Mare of Easttown (2021), da mesma plataforma.

Ingelsby retorna aos arredores suburbanos da Filadélfia para acompanhar um agente da lei que enfrenta as consequências duradouras de uma perda. Bem como os frutos do pecado transmitidos de pais para filhos de outros personagens. Lembrando o drama da personagem de Kate Winslet em Mare, uma policial em luto investigando o assassinato de uma jovem.

Começando assim já dá para perceber que Task é denso e carregado em dramaticidade. Quem vender a série como, sei lá, policial de ação, estará mentindo. O espectador é testemunha das mazelas e desejos humanos de quase todos os personagens que desfilam pelos seus sete episódios. Todos praticamente mantém a voltagem, assim, não dá para desgrudar deles. Sem contar que oferece um desfecho bem pouco previsível.

Tentei assistir em uma tacada só, deixando apenas o último episódio em “tempo real” e fiquei realmente ansioso à espera. Achei muito similar em qualidade à primeira temporada de True Detective, ainda a melhor dentre todas para mim.

Ingelsby assina a maior parte dos episódios, dividindo os créditos em alguns deles com David Obzud, e deixa pelo caminho a possibilidade de um manjado whodunnit. Na trama geral, o agente do FBI Tom (Mark Ruffalo), recentemente viúvo, sai de sua zona de conforto para investigar o desaparecimento de uma criança, aparentemente o único sobrevivente de um golpe mal executado a uma boca de drogas.

O coletor de lixo Robbie (Tom Pelphrey) é também o líder de um grupo que tem assaltado esses pontos de droga de maneira randômica, aparentemente. É ele quem decide levar a tal criança para sua casa, mentindo para ela e para sua família sobre o real motivo de ela estar lá.

Essa é a macro trama. Com o passar dos minutos o espectador começa a se aprofundar na vida de ambos personagens e ela se amplia quase ao ponto de sair do foco. Mas não se engane com essa hábil cortina de fumaça. Ela apenas camufla o objetivo primário da história que é, a partir do antagonismo natural do tira e do criminoso, exibi-los como seres humanos complexos. Alcoólatras, pais, tristes, sem a capacidade de se comunicar com os filhos ou mesmo perdoá-los.

Para tirar essa complexidade nas interprtações revela-se a escolha sábia de Ruffalo e de Pelphrey (realmente elogiáveis), encabeçando um elenco que funciona bem. Adorei ver Martha Plimpton (que para mim sempre será uma Goonie!) como a chefe de Tom, Kathleen. Mas ainda vemos Mireille Enos (The Killing) como a esposa do agente (em flashbakcs) e Emilia Jones (de CODA), como a sobrinha de Robbie.

Assim, Task se torna uma opção boa para quem não quer a mesmice de contos policiais rasos.

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