Crítica | Filme | A Própria Carne

Crítica | Filme | A Própria Carne

Olha, gostei do que vi no terror A Própria Carne, produzido pelo Jovem Nerd e pela rede de cinema Cinemark e que estreia em 30/10.

Primeiramente, porque é sabido em toda Terra Média que não sou fã do gênero. Não curto essa coisa de tomar susto graciosamente e sair da poltrona tenso, molhado de suor. Sangue e vísceras nunca foram o problema, sério!

Depois, porque as últimas produções brasileiras de terror às quais assisti eram quase réplicas de filmes estrangeiros (principalmente americanos, claro), não mostravam criatividade nem nos temas, nem nas cenas, digamos, pivotais para se tornarem minimamente críveis. Se é que se pode dizer isso nessa arte.

A Própria Carne me pareceu criativo o suficiente para manter-se original, ainda que o plot lembrasse esse ou aquele filme. O longa é dirigido por Ian SBF, também co-roteirista, “formado” em Porta dos Fundos e que havia dirigido Entre Abelhas, com Fábio Porchat. Se quiser, saiba mais sobre esse trabalho aqui.

A história se passa durante a Guerra do Paraguai, quando o exército brasileiro, aliado à Argentina e ao Uruguai, massacrou a população militar e civil paraguaia no maior conflito armado no continente. As razões torpes envolviam interesses europeus em frear o desenvolvimento acelerado do Paraguai, cada vez mais independente do Velho Continente.

O assunto é rapidamente pincelado em conversas entre três soldados brasileiros desertores. Fugidos, pedem abrigo em uma propriedade administrada por um homem idoso e uma jovem mulher. No local, todas as portas permanecem trancadas por alguma misteriosa razão e os anfitriões não engolem as mentiras contadas pelo trio. Assim, no devido tempo, cada personagem revelará sua verdadeira intenção e das mais diferentes formas.

Sem pirotecnia, de maneira até bem simples, SBF cria uma atmosfera que reproduz o confinamento e a aflição dos personagens. A escuridão das cenas é quase permanente e ajuda na composição, apoiada por uma trilha bem pertinente. No decorrer de A Própria Carne, o espectador pode lembrar de O Estranho Que Nós Amamos (1971) até Evil Dead (1981). E tudo bem, porque não é nada acintoso.

Talvez o grande mérito do filme seja sua originalidade, buscando competir de igual para igual em um gênero que parece não trazer tanta novidade quanto os fãs desejam.

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