O filme Novembro mistura o real e o fictício de maneira envolvente para recontar o episódio da tomada do Palácio da Justiça, em Bogotá, durante uma manhã sangrenta de novembro de 1985. Claro, nem todos vão se lembrar do que aconteceu naquele dia, mas a proposta do diretor e roteirista Tomás Corredor é justamente costurar sua versão – “confinada” – a maior parte do tempo, salpicando imagens reais do evento com ficção.
Membros dos grupo guerrilheiro M-19 tomaram de assalto o Palácio da Justiça colombiano ficando encurralados em um banheiro de posse de muitos reféns. Do lado de fora, militares e policiais tocam o terror para frustrar a ação dos guerrilheitos, não se preocupando muito com inevitáveis baixas civis.
A história contada por Corredor não visa tomar partido, aparentemente, nem justificar nada. O prato principal é a sensação de desespero dos reféns (e até dos guerrilheiros) e de um falso controle. Entre quatro paredes que podem cair a qualquer momento. No que é bem-sucedido.
Se com a História a humanidade pode compreender o presente e traça um futuro, com Novembro é possível ao espectador se alimentar do lado pessoal dos personagens daquele banheiro para, talvez, ao menos se transportar para uma situação incomum. Se alimentar das suas convicções e desejos, por exemplo, revelando o lado humano que a maioria das pessoas têm. A maioria…
Para Corredor, o prêmio do público ao final é a “possibilidade de olhar de novo” para este fato. Novembro é uma coprodução entre Colômbia, México, Brasil e Noruega, coproduzido pela gaúcha Vulcana e estreia em 30/10.
