A série O Fugitivo, estrelada por David Janssen em 1963, abordava a história do homem inocente acusado de um crime, um tema que também foi explorado em dois momentos importantes do cinema, em filmes dirigidos por Alfred Hitchcock: O Sabotador, de 1942, e O Homem Errado, de 1956. A ideia era mostrar a luta de um homem acusado injustamente, no caso do Dr. Richard Kimble (Janssen), que é condenado pelo assassinato de sua esposa. Richard, no entanto, insiste que foi outra pessoa quem cometeu o crime: o famoso Homem de Um Braço Só. Durante quatro temporadas, o Dr. Kimble se esconde das autoridades, vagando pelo interior dos Estados Unidos, até conseguir justiça e limpar seu nome.
A luta para provar a inocência de um homem acusado de cometer um crime é também o tema de A Cauda do Diabo, que acaba de chegar ao Looke. O filme é uma produção italiana, rodada na região da Sardenha, e estrelada por Lucas Argentero, conhecido do público brasileiro pela série médica Doc – Uma Nova Vida (Prime Video), lançada em 2022.
Lucas interpreta Sante Moras, um ex-policial que hoje trabalha como guarda penitenciário em uma prisão local. Isolado devido a uma perda pessoal, sua única preocupação é pagar uma dívida que assumiu para reformar o barco com o qual planejava viajar com sua esposa. O problema é que ele pediu dinheiro emprestado a um agiota, que tem pressionado para que ele pague as parcelas da dívida pontualmente.
Sante é chamado pelo diretor da prisão, que lhe designa a responsabilidade de cuidar de um novo prisioneiro, Virdis (Daniele Meloni), acusado de matar uma adolescente de 15 anos. A garota foi torturada e teve o símbolo conhecido como “Cauda do Diabo” entalhado nas costas. Antes de ir trabalhar, Sante é abordado pelo advogado da família da vítima, que pede sua ajuda para conseguir justiça para a jovem morta. Para isso, Sante deveria injetar uma droga em Virdis enquanto o vigiava. Em troca, ele receberia 50 mil euros.
Durante a noite, Sante passa ouvindo o prisioneiro resmungar e chorar. Cansado, acaba dormindo e acorda para uma surpresa desagradável: ao entrar na sala de Virdis, encontra o prisioneiro morto, ao lado de uma seringa e um frasco. Ficando claro que foi armado contra ele, Sante percebe que sua única chance é fugir para provar sua inocência e limpar seu nome.
Em sua fuga, Sante acaba fazendo a repórter Fabiana Lai (Cristiana Dell’Anna) de refém, depois que ela tentou entrevistar o novo prisioneiro. Apesar da situação tensa, fica evidente que os dois vão acabar se unindo, principalmente porque Fabiana acredita na inocência de Sante e fará o possível para ajudá-lo a descobrir quem matou Virdis.
Assim como em O Sabotador, O Homem Errado e O Fugitivo, a busca pela verdadeira identidade do criminoso é a motivação central dos personagens. Descobrir quem está por trás da morte da jovem é um passo crucial para entender uma possível ligação com o desaparecimento de outras meninas, muitas das quais imigrantes de países do Leste Europeu. O próprio símbolo entalhado nas costas da garota é um forte indício de que o crime possa estar relacionado a traficantes de seres humanos.
A Cauda do Diabo surpreende pelo ritmo, pelo roteiro bem escrito e pela atuação de Lucas Argentero, que deixa para trás seu papel de médico em busca de uma nova vida na série Doc, para interpretar um homem que perdeu algo muito importante e pode perder ainda mais se não descobrir o responsável pelo pesadelo que agora vive. O filme é um suspense recheado de reviravoltas e uma surpresa reveladora no final, onde todos têm alguma culpa — mas poucos têm culpa demais.
