Se você está em busca de apenas ação e terror, provavelmente vai se divertir, mas para quem assiste só pela curiosidade sobre o final, posso afirmar que, como diz o ditado, “a curiosidade é a mãe da chatice”.
Stranger Things, uma das séries mais emblemáticas da Netflix, começou em 2016 com uma primeira temporada que trouxe uma boa dose de nostalgia oitentista e conquistou o público. No entanto, com a chegada da quinta temporada, parte 1, a série de terror adolescente vai perdendo o brilho de antes. A trama se estende de forma um tanto desnecessária, e o longo intervalo entre a quarta e quinta temporadas acaba gerando uma sensação de desconexão, embora os primeiros episódios desta nova fase mostrem uma melhora em certos aspectos.
Na cidade de Hawkins, em 1983, vemos os jovens que já não são mais crianças. Mike (Finn Wolfhard), Lucas (Caleb McLaughlin), Henderson (Gaten Matarazzo), Steve (Joe Keery), Nancy (Natalia Dyer) e Jonathan (Charlie Heaton) continuam na missão de combater o mal que assola a cidade. O foco se desloca mais do que nunca para Will (Noah Schnapp), que se torna o centro da história como o receptáculo de energia capaz de resgatar crianças e capturar Vecna (Jamie Campbell Bower). Sua mãe, Joyce (Winona Ryder), sempre preocupada e protetora, não se esquece do desaparecimento do filho e segue em sua busca. Enquanto isso, Onze (Millie Bobby Brown) segue fortalecida em sua relação com Hopper (David Harbour), e o personagem ganha mais força na trama.
A série mistura táticas de combate, investigação, ação, terror e o já conhecido espírito de união entre os personagens, com a trilha sonora ditando o ritmo da ação. Porém, para dar um frescor à história, surge a personagem de Linda Hamilton, famosa pelos anos 80 e por interpretar Sarah Connor em O Exterminador do Futuro. Ela interpreta a Dra. Key, responsável pela base militar que vai controlar Hawkins e enfrentar, principalmente, Onze e Hopper.
Os episódios, com duração de filmes, seguem funcionando em certos aspectos, mas com falhas evidentes no roteiro e algumas incoerências temporais. A produção, apesar disso, é bastante assistível e mantém o público interessado, principalmente nos momentos de terror e ação, com os Demogorgons causando pânico novamente na cidade e forçando o grupo a trabalhar juntos para resolver os problemas e proteger as crianças.
À medida que a história avança, fico dividido: enquanto há cenas boas de ação e terror, a série se perde em alguns aspectos da trama, com diálogos desnecessários que só parecem encher linguiça e discussões que não levam a lugar algum. A tentativa de resgatar elementos do início da série, como o Hellfire, acaba não sendo bem executada.
Se você está atrás apenas de entretenimento, Stranger Things ainda é completamente assistível, mas não espere um roteiro bem estruturado ou grandes inovações criativas. Os irmãos Duffer parecem mais focados em manter a série em andamento a qualquer custo, entregando uma narrativa que se encaixa mais em um formato de novela do que em algo mais elaborado, embora funcione nas questões de ação e horror.
Em termos de atuação, destaco o bom desempenho de Holly (Nell Fisher), uma adição interessante à série. O crescimento dos jovens personagens talvez seja o que nos salve de mais prolongamentos desnecessários.
Como sabemos que ainda faltam quatro episódios para o desfecho, é claro que há várias pontas soltas a serem explicadas e ganchos sendo lançados para gerar expectativa sobre o que está por vir.
Com direção de Matt e Russ Duffer, e o terceiro episódio sob a direção de Frank Darabont, a série segue firme, embora, com algumas falhas, ainda consiga entregar um bom entretenimento. O elenco também conta com Sadie Sink, Maya Hawke, Brett Gelman, Priah Ferguson, Cara Buono, Sherman Augustus, Joe Chrest e Alex Breaux.
