É comum associar Rob Reiner a uma carreira mais voltada para o cinema do que para a televisão. Filho do ator, diretor e comediante Carl Reiner, Rob esteve intimamente ligado à televisão desde suas primeiras participações em séries como Batman (1966), Que Garota! (1967), As Sogras (1967), Sala 222 (1970) e A Família Dó-Ré-Mi (1971).

Foi em 1971 que Rob deu seu grande salto na carreira de ator ao interpretar o genro sem noção em Tudo em Família, série estrelada por Carroll O’Connor, Jean Stapleton e Sally Struthers. A produção retratava uma típica família trabalhadora do subúrbio americano e suas discussões sobre o cotidiano. Embora à primeira vista parecesse uma sitcom simples, o quarteto se tornou um fenômeno de audiência, permanecendo no ar por nove temporadas e conquistando vários prêmios Emmy, incluindo o de Melhor Comédia, para o elenco inteiro, incluindo Rob.

Durante as nove temporadas, Rob aproveitou para observar o trabalho dos diretores em ação. Ele sabia que sua carreira como ator teria um tempo limitado e seguiu os passos de seu pai, Carl Reiner, que após muitos sucessos na TV, se dedicou à direção de filmes e séries. Depois de algumas experiências com curtas-metragens, Rob partiu para o projeto que viria a definir sua carreira como diretor.

Isto é Spinal Tap (1984) é um documentário satírico sobre a turnê americana de uma banda britânica de heavy metal. Rob interpreta o responsável pelo documentário, se colocando em situações hilárias ao não entender nada do que os músicos estão falando. Um dos momentos mais icônicos do filme ocorre quando o trio formado por David (Michael McKean, de Better Call Saul), Nigel (Christopher Guest, de O Melhor do Show) e Derek (Harry Shearer, de Os Simpsons) se perde na coxia do teatro antes de uma apresentação. Ao finalmente chegar ao palco, o teatro já está vazio.

Rob sabia como extrair o melhor de seu elenco, seja em momentos completamente nonsense ou no ápice de cenas dramáticas. Exemplos de sua habilidade podem ser vistos em Harry & Sally – Feitos Um Para o Outro (1989), quando Meg Ryan simula um falso orgasmo em uma lanchonete, deixando Billy Crystal incrédulo. E também em Questão de Honra (1992), em um tenso diálogo no tribunal entre Jack Nicholson e Tom Cruise. Pelo trabalho em Questão de Honra, Rob recebeu sua primeira e única indicação ao Oscar de Melhor Direção.

Ao longo de sua carreira como produtor, roteirista e diretor, Rob nunca deixou de lado a oportunidade de atuar. Ele participou de diversas séries, como Frasier, Segura a Onda, Hannah Montana, Os Feiticeiros de Waverly Place, Um Maluco na TV, New Girl, The Good Fight e, mais recentemente, O Urso. No cinema, ele esteve em O Lobo de Wall Street, Cine Majestic, Um Amor de Vizinha, Tiros na Broadway, Sintonia de Amor e Lembranças de Hollywood.

Rob se destacou também por seu trabalho em filmes românticos, como A Princesa Prometida (1987), Harry & Sally – Feitos Um Para o Outro (1989) e Meu Querido Presidente (1995), que o colocaram na lista dos Melhores Romances do American Film Institute. Além disso, Isto é Spinal Tap foi incluído na Lista da Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos. Um de seus momentos mais notáveis como diretor foi em Conta Comigo (1986), baseado na obra de Stephen King e que inspirou a série Anos Incríveis (1988).

A morte de Rob e de sua esposa Michele ainda ressoa como um pesadelo no Hollywood de hoje. Para lembrar dele de forma positiva, fica a cena de seu aconselhamento a Tom Hanks em Sintonia de Amor (1993), sobre o próximo passo ao iniciar um relacionamento: tiramissu… o resto é uma boa lembrança.