Crítica | Filme | Avatar: Fogo e Cinzas

Crítica | Filme | Avatar: Fogo e Cinzas

Ninguém pode discordar que James Cameron é um cineasta que entendeu como usar a tecnologia para criar suas fascinantes obras cinematográficas. Foi assim com O Exterminador do Futuro 2: O Julgamento Final, onde criou um personagem através da computação gráfica. E em 2009, quando refinou o método de motion captura (captura de movimento) para fazer o estonteante Avatar.

Quando o efeito Avatar registrou quase 3 bilhões de dólares de faturamento, estava claro que esse era o incentivo para James Cameron tirar da manga o projeto de uma série de 4 filmes mostrando as lutas de JakeSully (Sam Worthington) e sua esposa Na’Vi, Neytiri (Zoe Saldana), nas inebriantes paisagens de Pandora. E assim, chegou aos cinemas em 2022, Avatar – O Caminho da Água, e agora Avatar – Fogo e Cinzas, que completa os eventos do segundo filme.

Se num primeiro momento Avatar remetia a uma versão moderna da clássica história de Pocahontas, o filme seguinte não tem relação com o que aconteceu entre a nativa americana Pocahontas e o explorador inglês John Smith. Ao contrário, mostra que Jake e Neytiri ficaram juntos e decidiram aumentar a família. Ao mesmo tempo, a corporação que quer explorar Pandora, cria um clone do coronel Miles Quaritch (Stephen Lang) já incorporado ao avatar Na’Vi, para caçar Jake.

Cameron usa sua experiência em Titanic e O Segredo do Abismo, e seu ativismo ecológico, para mostrar uma outra raça de Pandora, que vive numa aldeia da costa do principal mar do planeta. Nem preciso dizer que o visual criado para esse filme é tão impressionante como as capas desenhadas por Roger Dean para os álbuns do Yes nos anos 70. Além disso, as novas criaturas marinhas, alvo da caça predatória da corporação são dignas de uma boa história de ficção-científica, de um tempo quando as ideias circulavam apenas na mente dos leitores a cada nova página virada.

A conclusão desse primeiro filme do quarteto idealizado por Cameron, após outra épica batalha, é que está cada vez mais complicado manter a sanidade em Pandora…

No novo capítulo, batizado de Fogo e Cinzas, Jake e os sobreviventes de sua família, são obrigados a sair da praia para se esconder da nova investida de Quaritch. E para colocar mais lenha nesta fogueira de imagens, temos o surgimento de uma nova raça, os Ash, liderado pela impiedosa Varang (Oona Chapling), que num determinado momento da história, faz uma aliança com Quaritch para conseguir mais poder de fogo (armas) para sua tribo.

Outro elemento colocado para mudar a cara do conflito tem ligação com Spider (Jack Champion), o clone humano do coronel Quadritch. Ele é um humano que Jake o traz para sua família e que usa equipamentos para poder respirar o ar tóxico de Pandora. Seu personagem terá uma virada tão interessante, que é bem provável que os próximos dois filmes deverão focar nas consequências da vida de Spider.

Novamente, o filme tem cenas de tirar o fôlego, como a sequência dos barcos de vento antes do ataque dos Ash. Mesmo sendo uma parte importante da história, Cameron decidiu focar a história nos dramas pessoais dos personagens, incluindo Jake, Neytiri e Quadritch. A relação entre Jake e Neytiri está cada vez mais tensa, após a morte de um membro importante da família deles. Ao mesmo tempo, Wuadritch acredita que pode convencer Spider, de que é um pai em que ele pode confiar.

Parece temas piegas, mas no meio desse tsunami visual, algumas pausas para respirar são bem-vindas. Mesmo quando uma delas, as visões de Ronal (Kate Winslet), a filha de Jake e Neytiri, que podem definir o futuro de Pandora, entram em conflito com momentos críticos da história.

Avatar – Fogo e Cinzas faz parte de um arco criado com O Caminho das Águas. Peca em dar a impressão de que estamos vendo o segundo filme com cenas adicionais cortadas na sala de montagem. Tem o conflito com os humanos, o encontro com uma nova raça, as discussões sobre o poder das armas contra a força da natureza de Pandora e, claro, finalizando com um grande combate armado.

Alguns podem até dizer que os combates são o ponto algo da história, que se repetem desde o primeiro filme. Na realidade, os combates ajudar a colocar os personagens numa situação limite, que serão importantes para a conclusão da história. E não estou falando de chegar no quinto filme. Cada um dos filmes criados por James Cameron tem a preocupação de mostrar que é necessário respeitar a natureza para poder conviver com ela. E quem não conseguir fazer isso, fatalmente, não terá uma boa relação.

Independente do ativismo ecológico que permeia a história, Avatar: Fogo e Cinzas deve seguir a linha do filme anterior, passando dos dois bilhões de dólares de bilheteria nos cinemas do mundo. Só é difícil saber se haverá uma legião de fãs esperando a chega dos dois outros filmes, previstos para 2027 e 2031. Enquanto isso, deixem as águas rolarem… O filme estreia em 18/12 distribuído pela 20th Century Studios.

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