Os queridinhos da crítica, Tár e Os Fabelmans, vão mostrar se a indústria vai se recuperar totalmente da pandemia ou ainda demora.
Candidatos ao Oscar®, como Os Fabelmans, de Steven Spielberg, e Babilônia, de Damien Chazelle, são dois grandes lançamentos com diretores e elencos reconhecidos, tramas fáceis de comercializar e muito potencial de premiação.
Parecem prontos para ter um bom desempenho nos cinemas por semanas, se não meses.
A menos que a disseminação de outra variante de Covid se apresente, o público mais velho que dirige bilheteria de filmes especiais tem menos motivos para ficar em casa.
Como dissemos na semana passada, de acordo com o banco de dados de bilheteria The Numbers, há 34 lançamentos amplos programados para abrir entre setembro e dezembro deste ano.
Esse panorama não só está bem abaixo dos 47 que abriram na pré-pandemia, em 2019, mas também está abaixo dos 42 lançamentos amplos que abriram em 2021 no mesmo período.
O fim de semana
Não se Preocupe, Querida
O thriller psicológico distribuído pela Warner Bros., Não se Preocupe, Querida (destaque na foto), estreou em primeiro lugar com US$ 19,2 milhões.
O filme produzido pela New Line está confirmando as projeções de pré-lançamento, com uma abertura de US$ 19,2 milhões de 4.113 locais.
Impulsionadas principalmente por cinéfilas mulheres interessadas nos protagonistas Florence Pugh e Harry Styles. Com os mercados no exterior incluídos, o thriller abriu para US$ 30 milhões em todo o mundo.
O lançamento de Não se Preocupe, Querida foi precedido de manchetes de tabloides sobre as filmagens, mais notavelmente sobre uma suposta rixa entre Pugh e a diretora Olivia Wilde. Enquanto isso, os críticos têm arrasado o filme.
O público do fim de semana de abertura tem sido um pouco mais gentil com o filme de Olivia Wilde, com um boca a boca misto.
Com uma média baixa de 38% de críticas positivas e uma média alta de 81% pelo público entrevistado pelo Rotten Tomatoes. Uma das maiores discrepâncias na memória recente.
O público CinemaScore deu um B-.
Como esperado, o público era formado principalmente por mulheres brancas, sendo dois terços do sexo feminino com 68% delas caucasianas e com 17% de latinas.
Com um orçamento declarado de US$ 35 milhões antes do marketing, Não se Preocupe, Querida deve ser capaz de obter um pequeno lucro nos cinemas.
E recuperar o investimento, mesmo que o boca-a-boca não cresça além dos fãs dos astros do filme. Que são mais propensos do que outros a ver o filme nos cinemas por causa das fofocas dos bastidores.
O público na terra natal de Styles, o Reino Unido, pode ajudar, já que esse país contribuiu com US$ 3,1 milhões neste fim de semana para a abertura global do filme.
Com a ajuda de um grande circuito, Não se Preocupe, Querida (4.113 cinemas) teve uma bilheteria saudável para um filme deste porte e acabou alcançando uma média de US$ 4.668 por sala.
No exterior, Não se Preocupe, Querida começou com US$ 10,8 milhões em 62 mercados, para uma abertura global de US$ 30 milhões. O maior total de mercados no exterior é o Reino Unido (US$ 3,1 milhões), como vimos.
Em comparação com alguns outros lançamentos de setembro para adultos dos últimos anos, sua abertura é quase comparável a:
Prisioneiros, de 2013 (US$ 20,8 milhões)
Looper – Assassinos do Futuro, de 2012 (US$ 20,8 milhões)
O Homem Que Mudou o Jogo, de 2011 (US$ 19,5 milhões)
A Mulher Rei, do último fim de semana (US$ 19 milhões)
Ad Astra, 2019 (US$ 19 milhões)
Não se Preocupe, Querida correspondeu às expectativas, gerando mais de US$ 19 milhões em vendas de ingressos em mais de 4.100 telas norte-americanas até 25 de setembro.
O filme dirigido por Olivia Wilde viu o buxixo da pré-estreia aumentar, após alegações (todas negadas!) de problemas no set entre a diretora e a atriz principal, Florence Pugh. E um caso romântico dela com o ator principal, Harry Styles.
Como recebeu críticas medíocres, deve terminar o fim de semana com mais de US$ 30 milhões em receita, incluindo mercados no exterior.
A Mulher Rei
No número 2 agora e tendo estado no topo das paradas no fim de semana anterior, A Mulher Rei, estrelado pela vencedora do Oscar®, Viola Davis, faturou US$ 11,2 milhões em vendas de ingressos, elevando o total de 10 dias do filme para além de US$ 36 milhões.
Esse drama histórico de ação da Sony Pictures estreou no último fim de semana com US$ 19 milhões em primeiro lugar, dentro das projeções de pré-lançamento.
Neste fim de semana, caiu 41%, para US$ 11,1 milhões, e fica em segundo lugar.
Comparado com outros filmes de ação semelhantes, liderados por mulheres e estrelados por vencedores do Oscar®, essa queda foi mais branda do que:
Atômica, de 2017, com Charlize Theron (-55%)
Operação Red Sparrow, de 2018, com Jennifer Lawrence (-50%)
Aniquilação, de 2018, com Natalie Portman (-49%)
Sequestro, de 2017, com Halle Berry (-49%)
No exterior, a bilheteria mal começou, com apenas US$ 1,3 milhão até agora, com a maioria dos principais mercados ainda por abrir.
Avatar
Trata-se do relançamento em IMAX 3D da versão Avatar original, que em 2009 rendeu US$ 10 milhões e ficou na 3ª posição. Um pouco mais do que as projeções de pré-lançamento, que estavam mais próximas da faixa de US$ 8 milhões e US$ 9 milhões.
Para comparação, sua abertura foi:
2,5 vezes acima do relançamento de Avatar, de 2010, cerca de oito meses após seu lançamento original (US$ 4 milhões)
+85% acima do relançamento de setembro de 2021, Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa (US$ 5,4 milhões)
9,3 vezes acima do relançamento de agosto de E.T.: O Extraterrestre (US$ 1 milhão), de agosto de 1982
3,8 vezes acima do relançamento de setembro de Tubarão, de 1975 (US$ 2,6 milhões)
No entanto, também foi menor do que alguns outros relançamentos:
-42% abaixo do relançamento de 2012 do Titanic, de James Cameron, de 1997 (US$ 17,2 milhões)
-55% abaixo do relançamento Star Wars: Episódio I – A Ameaça Fantasma, de 1999.
-46% abaixo do relançamento de Jurassic Park – Parque dos Dinossauros, de 1993 (US$ 18,6 milhões)
-20% abaixo do relançamento em 2009 de Toy Story, de 1995 (US$ 12,4 milhões)
-66% abaixo do relançamento de O Rei Leão (US$ 30,1 milhões)
-43% abaixo do relançamento de 2012 de A Bela e a Fera, de 1991 (US$ 17,7 milhões)
A reabertura também teve 93% de seus ganhos vindos da versão 3D, uma porcentagem maior do que a da estreia original do filme (74%).
Internamente, o público estimado foi de 56% do sexo masculino e 57% abaixo dos 25 anos.
Algo como 75% da abertura do filme no exterior também veio de formatos premium, incluindo assentos 3D, IMAX e/ou imersivos, uma porcentagem um pouco menor do que no mercado interno.
O resultado é bom para a aguardada sequência do diretor James Cameron, Avatar: O Caminho da Água, que está programada para estrear em 16 de dezembro. Uma sequência do próximo filme foi acrescentada na versão agora em exibição.
Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa
O relançado da Sony Pictures Entertainment, Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa, gerou mais US$ 5,4 milhões, para terminar em 4º lugar e trazer o total mundial do campeão de bilheteria de 2021 para cerca de US$ 1,92 bilhão.
Lançamentos anteriores completam o top 5 com Barbarian, da 20th Century Studios, continuando a ser um sucesso de baixo orçamento, com US$ 4,8 milhões em seu terceiro fim de semana e US$ 28,4 milhões arrecadados até agora. Veja Como Eles Correm, da Searchlight, e Pearl, da A24, estão em um empate virtual para o quinto lugar, com um total de US$ 1,9 milhão no segundo fim de semana.
Estavam à espera do resultado acumulado para decidir quem sai no topo, com totais estimados em US$ 6,1 milhões para Veja Como Eles Correm e US$ 6,6 milhões para Pearl.
Comparações entre fins de semana:
A bilheteria total do último fim de semana US$ 59,1 milhões, que fica:
+15% acima do total do último fim de semana (US$ 51 milhões), quando A Mulher Rei liderou, com US$ 19 milhões.
+23% acima do fim de semana equivalente em 2021 (US$ 47,9 milhões), quando Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis liderou pelo segundo quadro consecutivo, com US$ 21,6 milhões.
-52% abaixo do fim de semana equivalente no último ano pré-pandemia de 2019 (US$ 123 milhões), quando Downton Abbey liderou por um segundo quadro consecutivo, com US$ 31milhões.
Comparações com bilheterias anuais:
A bilheteria acumulada do ano até agora está em torno de US$ 5,54 bilhões. Isto é:
2,32 vezes neste mesmo ponto no ano de recuperação pandêmica de 2021 (US$ 2,38 bilhões)
-33,2% atrás desse mesmo ponto em 2019, o último ano pré-pandemia (US$ 8,30 bilhões), abaixo dos -32,9% do último fim de semana.
Se preocupe, sim, querida
Como a vida no mercado cinematográfico não é fácil, temos sim uma preocupação. A bilheteria de setembro despenca para os piores níveis em 25 anos.
Desde setembro de 2001 — quando os ataques de 11 de setembro prejudicaram o interesse em filmes — que não se conseguiu produzir um filme com um fim de semana de abertura de mais de US$ 20 milhões.
Com apenas US$ 275 milhões arrecadados na América do Norte até o momento, este será o primeiro setembro desde 1997, com um total mensal de menos de US$ 350 milhões.
Até agora, o total das bilheterias de setembro de 2022 está 20% atrás do ritmo do ano passado e 52% atrás do ritmo estabelecido para este mês em 2019.
Mesmo no ano passado, quando os cinemas ainda estavam se recuperando da pandemia, as bilheterias de setembro chegaram US$ 367,1 milhões.
E com a Warner Bros. relatando um total final de semana de abertura de US$ 19,3 milhões para Não se Preocupe, Querida.
No ano passado, Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis, da Disney/Marvel, ganhou um recorde de US$ 94 milhões na abertura do fim de semana de quatro dias.
Antes da pandemia, a Warner Bros. e a New Line bateram um recorde de setembro com US$ 123 milhões de abertura para It – A Coisa, com uma sequência estreando com US$ 92 milhões dois anos depois.
Mas as aberturas de US$ 19 milhões para A Mulher Rei e Não se Preocupe, Querida este mês também estão abaixo das aberturas de lançamentos de setembro no início dos anos 2000, mesmo antes da inflação.
O sucesso teatral para estúdios e cinemas nem sempre vem junto. Não se Preocupe, Querida, com um orçamento de US$ 35 milhões antes do marketing, poderia ter um lucro razoável nos cinemas, apesar de todas as manchetes escandalosas em torno do thriller da diretora Olivia Wilde.
Os recém-chegados do próximo fim de semana, o filme LGBTQIA+ da Universal, Mais Que Amigos, Friends, e o filme de terror Sorria, da Paramount, também podem ser mais um sucesso de baixo orçamento.
Mas os cinemas, ainda com um buraco financeiro profundo por causa da pandemia, precisam informar grandes vendas de ingressos, independentemente do orçamento do filme.
Infelizmente, os únicos filmes que poderiam fornecer esse tipo de números são blockbusters e filmes de família.
E há um número muito pequeno deles programados para serem lançados antes do final do ano.
Enquanto isso, a recuperação das bilheterias não aconteceu rápido o suficiente para os exibidores.
A Regal Cinemas continua em processo de falência enquanto fecha alguns de seus cinemas.
A AMC Theatres também continua sua luta para permanecer à tona financeiramente, anunciando que venderá até 425 milhões de suas ações da APE para ajudar a pagar sua dívida de US$ 5 bilhões.
A paisagem do mercado exibidor está mudando rapidamente sob a pressão financeira e nenhum alívio significativo com o retorno ao cinema pré-pandemia é esperado até pelo menos até 2023.
Filmes de outubro, como Adão Negro, da Warner Bros/DC, Lilo Lilo Crocodilo, da Sony, e Halloween Ends, da Universal/Blumhouse, podem manter o ritmo do ano passado e 52% atrás do ritmo estabelecido para este mês em 2019.
Mas não parece provável trazer os números que filmes de outubro de 2021, como Duna, 007 – Sem Tempo Para Morrer e Venom: Tempo de Carnificina fizeram no ano passado.
Vários analistas e executivos de distribuição projetam que as vendas de ingressos de outubro de 2022 cairão de 20 a 30% em relação aos US$ 623 milhões do ano passado.
A esperança é que novembro e dezembro superem 2021, com Pantera Negra: Wakanda Forever, da Disney/Marvel, e Avatar: O Caminho da Água, da 20th Century Studios, liderando uma série de ofertas de férias para um inverno mais forte do que no ano passado.
Quando Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa estava alimentando as bilheterias sozinho.
Idealmente, um boom de bilheteria de férias levará a um mercado um pouco melhorado em janeiro e uma lista de início de ano liderada por filmes como Babilônia, da Paramount, e Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania, da Disney/Marvel, podem ser uma esperança de que dias melhores virão para estúdios e cinemas.