Crítica | Filme | As 4 Filhas de Olfa

Antes de tudo é preciso dizer que As 4 Filhas de Olfa é espetacular. Diante do dito, é necessário eu me justificar perante um fator: como homem, hétero e ocidental, não tenho lugar de fala para julgar a história, mas posso falar da produção.

A direção de Kaouther Ben Hania (O Homem que Vendeu Sua Pele) é primorosa. A metalinguagem que ela adotou no longa é fascinante. Ela traz para a tela uma abordagem de laboratório de conhecimento da personagem, jogando aos poucos os dilemas vividos por todos.

As cores são outro ponto que é preciso destacar. As transições da ambientação da Olfa original para a Olfa interpretada deixa o espectador preso, amarrado à história.

E que história nós temos aqui. É cheia do drama real, da dor que realmente existiu e que por mais que esteja ali, trancada na tela, você sabe que ainda é uma ferida aberta.

Duas das quatro filhas

A partir do desaparecimento de duas de suas quatro filhas, a história da família de Olfa é contada através de uma jornada de rebelião, violência e esperança..

Esse parágrafo acima é a sinopse que temos sobre o filme. Contudo, o documentário vencedor do Cannes e indicado ao Oscar® 2024 não se resume a isso.

A diretora Hania coloca duas atrizes para interpretar as duas filhas de Olfa que estão desaparecidas e Hend Sabri, atriz que faz a vez de Olfa, nas cenas mais difíceis.

Conforme o filme se desenrola, as personalidades vão sendo reveladas e o espectador consegue a imersão perfeita na trama.

Educação de herança

Os movimentos políticos que tomaram conta da Tunísia no último século dão o pano de fundo para a reviravolta na vida das personagens. A educação que as 4 meninas receberam da mãe, é bem como ela a recebeu. Toda a cegueira da fé, que mina intelectualmente as pessoas, aparecem de forma escancarada.

O elenco é de um primor. O figurino, como se fosse uma peça de teatro, e uma trilha sonora eficaz e milimétrica dão o toque final dessa grande obra. Estreia em 7 de março distribuído pela Synapse.

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