Crítica | Filme | Club Zero

Crítica | Filme | Club Zero

Advertência: Club Zero trata de assuntos como transtorno alimentar. Pede-se que ao assistir ao filme tenha cautela. Se você ou alguém que você ama está sofrendo com um transtorno alimentar, procure ajuda imediatamente. É possível encontrar grupos de pesquisa e profissionais especializados em transtorno alimentar em todo o país através do site da Astral.

Club Zero, filme da diretora austríaca Jéssica Hausner (Little Joe: A Flor da Felicidade), chega aos cinemas brasileiros no dia 25 de abril distribuído pela Pandora Filmes. O filme narra a história de uma professora que consegue um emprego em uma escola de elite e forma um forte vínculo com cinco alunos, um relacionamento que eventualmente toma um rumo perigoso. O roteiro é da própria Jéssica Hausner e de Géraldine Bajard.

Mia Wasikowska (Segredos de Sangue) interpreta Srta. Novack, que chega para cuidar da nutrição dos alunos da escola. Com uma abordagem sútil, de maneira didática, a personagem consegue mexer em dois pontos cruciais na juventude de hoje. A aceitação pelo grupo, pelo meio social e com a aparência.

A lavagem cerebral que a professora consegue fazer nos alunos, o modo como ela faz morada na cabeça de seus pupilos é muito peculiar de mentes perversas. Charles Manson aplaudiria Srta. Novack, com toda a certeza.

As atuações mecânicas no começo do longa-metragem deve incomodar o espectador, que pode considerar que teremos um filme com atuações ruins. Porém, já vá avisado, isso é proposital. A diretora Hausner fez uma trabalho excelente com o elenco. Atrizes e atores tão jovens poderiam ser um fiasco seguindo o conceito da diretora que faz uma crítica satírica de como transtornos alimentares podem causar danos tanto na pessoa, quanto na família.

Para deixar reforçado, o filme não traz respostas. Vamos ver jovens parando de comer com a intenção, até mesmo meio religiosa, de purificarem seu corpo e sobreviver para cuidar do mundo que eles herdarão. É uma crítica e entrega isso, mas não vai apresentar soluções, não vai debater o tema como tentando resolver a questão ali apresentada.

Isso pode ser meio frustrante para quem pensa que tudo vai se solucionar com medidas protetivas ou intervenções bem-sucedidas. Não se trata disso. O filme só vai joga na cara do espectador como somos incapazes de, primeiro, perceber o problema e, em segundo, como não temos meios, sozinhos, de resolver tudo. Tanto por ignorância (não saber!), como por arrogância.

O filme concorreu à Palma de Ouro em Cannes em 2023 e conta com uma direção de fotográfica meio controversa, pois ela julga e observa. A produção usou muito bem as cores, deixando evidente seu modus operandi de deixar a cena preparada para a sátira.

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