Crítica | Filme | Jardim dos Desejos

Crítica | Filme | Jardim dos Desejos

O que se pode confessar ao seu diário? Em o Jardim dos Desejos, o diretor e roteirista Paul Schrader (roteiro de Taxi Driver) nos leva a conhecer um profundo segredo de Narvel Roth (Joel Edgerton, de Guerreiro). Narvel despeja nas folhas do seu diário suas angustias, conhecimento e o assustador segredo, que além das folhas de papel, também estão gravadas em sua pele.

Na abertura do filme, junto dos nomes dos atores e produção, aparecem flores lindas e coloridas, mesmo assim sente-se um vazio. Parece incompleto. E só é possível entender tudo com o decorrer da história.

Joel Edgerton apresenta um personagem duro, que a principio temos duvidas sobre o que ele é. Se vamos conseguir gostar dele ou não. O jeito como ele próprio narra a história, escrevendo eu seu diário, nos afasta em um primeiro momento. Contudo, quando Sigourney Weaver (Avatar) entra em cena, temos a convicção que o personagem de Edgerton é real, palpável e que tudo é proposital tanto pela atuação deles, como pelo dedo do diretor.

É um prazer assistir Edgerton e Weaver contracenando, dois atores consolidados, que entregam exatamente aquilo que o personagem propõe. E Sigourney Weaver é magistral nisso. Ela recebe seu empregado, Narvel, na varanda, sem o deixar entrar em casa, deu o nome ao cachorro como “Cachorro de Varanda”, o que confirma como a Sra. Haverhill é desprezível. E, como se já não bastasse tudo isso, ainda nos revela seus preconceitos quando coloca Narvel como responsável dos cuidados de sua sobrinha-neta que irá trabalhar nos jardins da propriedade com ele.

Quando conhecemos Maya (Quintessa Swindell, de Adão Negro), percebemos o motivo da Sra. Haverhill agir como ela agiu. Maya é uma mulher preta. O racismo é jogado na cara do espectador, que vai entendendo o enredo, que mesmo após duas semanas a tia-avó ainda não foi ver sua parente que está trabalhando junto aos outros empregados.

Swindell não tem o mesmo poder de interpretação de Edgerton e Weaver, ela não acompanha os dois veteranos, mas não prejudica a trama. A sustentação se dá pelo roteiro que consegue dar ao trio a força necessária.

Quando os segredos vão sendo revelados, o plot da história agita os acontecimentos e o espectador sente a necessidade de ver como isso vai acabar. Como os personagens vão conseguir conviver quando o passado de cada um é revelado.

A fotografia do filme é prazerosa, sem muitas firulas, que poderiam distrair o espectador das interpretações e da trama. Só existe uma ponta solta na história, mais para o fim, teremos que esperar o público assistir para ver se só foi uma impressão ou aconteceu.

Com distribuição da Pandora FilmesJardim dos Desejos tem o seu lançamento agendado para 30 de maio, poucos dias após a sua ida ao Festival de Cannes.

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