Crítica | Filme | De Volta Para o Futuro - 40 Anos

Crítica | Filme | De Volta Para o Futuro – 40 Anos

O ano de 1955 é muito importante para a história. Foi o ano em que perdemos Albert Einstein, a Disneylândia foi inaugurada na Califórnia e J.R.R. Tolkien publicou O Retorno do Rei, o terceiro e último volume de O Senhor dos Anéis. E é também o ano em que o jovem Marty McFly chegou, depois de embarcar em uma máquina do tempo, em 26 de outubro de 1985, criando um dos maiores fenômenos de bilheteira dos anos 80, De Volta Para o Futuro.

Não é fácil criar um sucesso cinematográfico baseado numa das vertentes da ficção científica, a viagem no tempo. Em 1985, o diretor Robert Zemeckis, junto com o roteirista Bob Gale e o produtor Steven Spielberg, conseguiu criar algo fora da curva, usando a viagem no tempo como base para uma das histórias mais divertidas já criadas nesse gênero.

Embora no ano anterior, James Cameron tenha causado um grande impacto com sua obra independente, O Exterminador do Futuro, sobre um androide vindo do século 21 para matar a mãe do futuro líder da rebelião contra as máquinas, Zemeckis e Gale tinham em mente uma história menos intensa e violenta. A dupla queria mostrar as dificuldades de uma pessoa do futuro, que encontra o passado onde seus pais ainda não haviam se apaixonado.

O projeto passou por 44 produtoras e estúdios até que a Amblin, de Steven Spielberg, apostou suas fichas em De Volta Para o Futuro. Ninguém acreditava que Robert Zemeckis tinha força para desenvolver um trabalho como esse, já que seus filmes anteriores, Febre da Juventude (1978) e Carros Usados (1980), não haviam sido sucessos de bilheteira. Tudo mudou com o sucesso de Tudo por uma Esmeralda (1984), que mostrou na prática que Zemeckis era capaz de realizar esse projeto.

O primeiro grande obstáculo foi a escalação do personagem Marty McFly: o primeiro nome escolhido foi C. Thomas Howell, um dos adolescentes de E.T. – O Extraterrestre. Ele chegou a ensaiar com Crispin Glover e Lea Thompson, já definidos como os pais de Marty. Em março de 1985, o filme Marcas do Destino colocou Eric Stoltz nos holofotes, substituindo Howell. Mas seu estilo de atuação não agradou nem Zemeckis nem Spielberg, que decidiram demiti-lo.

O alvo, na realidade, era Michael J. Fox, mas ele estava atrelado a um contrato pesado com a produção da série Caras e Caretas (1982). Isso foi contornado quando decidiram filmar quase todo o filme durante a noite. Foram dois meses intensos, obrigando a produção a disponibilizar um transporte especial para que Michael saísse da Paramount e dormisse um pouco até chegar nas locações em Pasadena. E vice-versa. Michael J. Fox foi autorizado pelo produtor da série a filmar este filme com a condição de manter sua agenda completa na série, que estava em sua quarta temporada. A rigidez do contrato impediu, por exemplo, que ele fizesse as tradicionais turnês promocionais do filme.

Inspirado em uma ideia de Bob Gale, que teve ao ver o álbum de escola de seu pai, De Volta Para o Futuro mostra o jovem Marty (Fox) ajudando seu amigo, o professor Doc Brown, interpretado de maneira memorável por Christopher Lloyd, em uma experiência sobre viagem no tempo. Doc construiu um dispositivo que permite viajar no tempo, tanto para o passado como para o futuro, dentro de um DeLorean, um carro muito cobiçado no começo dos anos 80.

Um dos motivos para usarem o DeLorean é que seu estilo moderno causaria um impacto assustador quando chegasse em 1955, podendo ser confundido com uma nave de outro planeta. Michael J. Fox comentou há alguns anos que o carro era legal, mas muito apertado, mesmo para quem tem baixa estatura, como o ator. Ele vivia batendo os braços e a cabeça nos dispositivos instalados para transformar o DeLorean em uma máquina do tempo.

O interessante na história é que o viajante no tempo não esperava dar esse passo em sua vida. Marty é pego no fogo cruzado quando está gravando com sua câmera a experiência de Doc Brown, quando são atacados por terroristas líbios. Como isso acontece? Doc precisava de urânio para usar no motor do carro do tempo e fez um acordo com os líbios, que roubaram o mineral radioativo em troca de um artefato nuclear. Ou seja, uma bomba nuclear para usar contra os infiéis.

Quando se constrói uma história tão rica em detalhes, é importante não deixar nada pendente que possa atrapalhar a dinâmica do filme. Marty foi parar em 26 de outubro de 1955 porque Doc programou o DeLorean para voltar no tempo, no dia em que teve a ideia de criar o Capacitor de Fluxo, dispositivo que permite viajar no tempo. Lá, ele conhece sua futura mãe, Lorraine Baines (Lea Thompson), e seu pai, George McFly (Crispin Glover), que, evidentemente, não estão envolvidos romanticamente.

Marty também conhece o nêmesis do pai, Biff Tannen (Tom Wilson), que terá uma participação importante na história, não apenas no primeiro filme, mas também nos dois seguintes. Falaremos disso mais à frente.

Ao longo do filme, várias peças que se revelam importantes para a revelação final vão sendo encaixadas, quando Marty se encontra com sua namorada Jennifer (Claudia Wells) nos minutos finais de De Volta Para o Futuro. Aliás, quando o segundo filme chegou aos cinemas em 1989, muitos acharam estranho que Elizabeth Shue substituísse Claudia no papel de Jennifer. A jovem atriz teve uma série de problemas pessoais, que a impediram de não apenas fazer as continuações, mas também de seguir carreira como atriz. Ela retomou a carreira em 2008.

É engraçado ver como vários dos impactos que Marty provoca no passado afetam a vida de outras pessoas no futuro. Ele canta Johnny B. Goode antes de Chuck Berry ser conhecido como um dos pais do rock’n’roll. Faz com que o faxineiro da lanchonete onde encontra Biff tenha a ideia de ser o futuro prefeito da cidade. É claro que o impacto maior acontece em sua própria vida, mas não vou contar o que acontece para não estragar o filme para quem ainda não teve a oportunidade de se divertir com De Volta Para o Futuro.

Talvez o único senão seja o fato de Lorraine e George não se lembrarem do jovem Marty que conheceram 30 anos no passado. Segundo o roteirista Bob Gale, quem, na adolescência, consegue se lembrar de tudo o que aconteceu durante os divertidos anos escolares? Se comigo é assim, por que não com o casal McFly?

De Volta Para o Futuro fez sucesso, ficando em primeiro lugar nas bilheteiras americanas desde sua estreia em 5 de julho de 1985, durante três meses. O engraçado é que o filme fala de 26 de outubro de 1985, mês em que o filme chegou aos cinemas da Austrália, Reino Unido, Alemanha e Itália. Aqui no Brasil, De Volta Para o Futuro foi lançado no Natal, no dia 25 de dezembro.

Nos anos seguintes, muito se especulou sobre novos filmes com Marty e Doc Brown. Enquanto isso não acontecia, Zemeckis fazia para a Touchstone o fantástico Uma Cilada para Roger Rabbit (1988), onde desenvolveu várias técnicas para interagir humanos e desenhos animados. Por outro lado, Bob Gale montava os roteiros do que seriam as partes 2 e 3 de De Volta Para o Futuro.

O segundo filme mostra Doc Brown voltando do futuro e pedindo que Marty e Jennifer o ajudem a resolver um problema no espaço-tempo, envolvendo os filhos do casal em Hill Valley, a cidade onde tudo começou. A história envolve um almanaque de esportes, que contém os resultados de todos os campeonatos até o começo do século 21. Quem tiver posse desse almanaque, saberá dos resultados das partidas, podendo apostar e faturar uma grana sem precedentes.

E claro, quem estará envolvido nesse esquema é Biff Tanner, que ganha um protagonismo muito forte nesse segundo filme. Para ninguém perder o fio da meada, já que agora discutiremos uma segunda linha do tempo, Zemeckis e Gale param o filme no meio para explicar para todos o que está acontecendo. Algo muito importante, para não deixar de lado momentos que ficarão eternizados na memória do público.

No terceiro filme, um desenho de Doc Brown é realizado. Ele sonhava em conhecer o Velho Oeste para conhecer a história daquele momento dos Estados Unidos. Um acidente no final de De Volta para o Futuro II, o joga exatamente onde ele sonhava ir. Marty vai atrás de Doc mas quebrando o DeLorean quase que irrecuperável. O filme serve também para Doc encontrar sua primeira e grande paixão, a professora Clara Clayton, feita por Mary Steenburgen . O romance entre os dois é um dos pontos mais interessantes da história.

Marty, por sua vez, acaba encontrando o descendente direto de Biff, Bulford Cachorro Louco Tannen, um típico bandido do oeste americano. E aí, começa duas pequenas homenagens de Zemeckis e Gale ao astro dos modernos faroestes, Clint Eastwood. Ao ser perguntado pelos capangas de Bufford quem era ele, Marty responde ao estilo 007: “Eastwood… Clint Eastwood”! Ao que recebe a resposta: “que diabos é esse nome?”.

A segunda homenagem a Eastwood vem do confronto final entre Marty e Bufford. No famoso duelo ao por do sol, o filme relembra um dos grandes clássicos do faroeste italiano, dirigido por Sergio Leone, Por Um Punhado de Dólares (1964). Brilhante e memorável.

Muito se tem dito sobre novas versões da franquia. Gale e Zemeckis tem dito categoricamente que, além dos três filmes, a série animada e alguns videogames, não existe sentido em recriar algo que nasceu para ser eternizado. De volta para o Futuro deixou de ser uma trilogia sobre uma viagem no tempo que mudou a perspectiva dos personagens ao chegar a conclusão que, não importa a linha do tempo, quem descido o seu destino é você mesmo.

Se ninguém espera que as máquinas abram guerra contra os humanos como em O Exterminador do Futuro, porque não podemos imaginar que nossa linha do tempo só pode ser alterada pelo nosso simples e trivial live arbítrio. Fantasia, ficção ou realidade é apenas o próximo passo na evolução da mente humana…

A data “atual”, em que a viagem no tempo inicial ocorre, é 26 de outubro de 1985. No entanto, o filme estreou antes dessa data (a estreia nos EUA foi em 5 de julho de 1985). Isso significa que, da perspectiva do filme, o público que o assistiu durante seu lançamento inicial em alguns mercados (EUA, Austrália, Alemanha Ocidental e Itália) estava, na verdade, vendo o “futuro”, o que é uma bela coincidência, considerando o tema do filme.

Os direitos do filme e de suas sequências pertencem a Robert Zemeckis e Bob Gale. Em uma entrevista de 2015, Zemeckis afirmou que nenhum reboot ou remake do filme seria autorizado enquanto ele ou Gale ainda estivessem vivos.

Este filme detém o recorde de permanecer em primeiro lugar nas bilheterias por três meses consecutivos.
Quando Claudia Wells desistiu temporariamente devido a conflitos de agenda envolvendo a curta série de televisão Off the Rack (1984), Melora Hardin foi brevemente escalada para interpretar Jennifer, ao lado de Eric Stoltz, mas teve que ser substituída após Stoltz ser dispensado, e descobriu-se que ela era mais alta que Michael J. Fox. Hardin foi dispensada antes de ter a chance de filmar uma única cena, tendo posado apenas para uma foto com Stoltz no set, que seria revelada na foto que Marty carrega consigo. Ela tinha 17 anos durante as filmagens, ao contrário de Michael J. Fox, que tinha 23 anos quando interpretou Marty McFly, de 17 anos.

O produtor executivo Steven Spielberg inicialmente teve algumas reservas quanto à contratação do compositor Alan Silvestri, tendo ficado pouco impressionado com sua trilha sonora para Tudo por uma Esmeralda (1984). Durante uma pré-estreia, na qual o filme foi acompanhado por uma trilha sonora temporária que utilizava apenas parte da trilha sonora de Silvestri, Spielberg comentou com Robert Zemeckis que uma trilha sonora particularmente grandiosa era “o tipo de música que o filme precisava”, sem saber que era, de fato, uma das trilhas sonoras de Silvestri.

A trilha sonora de Alan Silvestri começa dezoito minutos após o início do filme, apropriadamente quando a máquina do tempo DeLorean é revelada.

Quando Marty chega pela primeira vez em 1955, ele se choca com a fazenda do Velho Peabody, que tem um filho chamado Sherman. Esta foi uma homenagem a um segmento da série de televisão As Aventuras de Rocky e Bullwinkle (1959), “A História Improvável de Peabody”, com o inteligente cão falante Sr. Peabody e seu filhote Sherman, que viajam para diferentes épocas da história usando a Máquina W.A.B.A.C. e servem de grande inspiração para Doc Brown, Marty McFly e a máquina do tempo DeLorean. Por sua vez, o longa-metragem As Aventuras de Peabody e Sherman (2014), baseado no segmento “A História Improvável de Peabody”, presta homenagem a este filme não apenas com seu estilo geral, mas também com uma referência inteligente em uma cena em que Peabody e Sherman viajam a velocidades incrivelmente altas na W.A.B.A.C., a 130 km/h (e mais), muito parecido com o DeLorean.

O filme foi inicialmente rejeitado por todos os outros grandes estúdios. A maioria dos estúdios rejeitou o filme por não ser suficientemente picante, já que as comédias adolescentes de maior sucesso da época eram desse tipo. A Disney rejeitou o filme por considerar que o ângulo de uma mãe se apaixonando pelo filho era inapropriado para seus filmes. Além disso, os estúdios desconfiavam do trabalho de Robert Zemeckis, já que os filmes que ele havia dirigido anteriormente foram, em grande parte, fracassos. O sucesso inesperado de Tudo por uma Esmeralda (1984), dirigido por Zemeckis, impulsionou sua reputação, levando os estúdios a reavaliarem suas propostas cinematográficas.

O filme inspirou a comédia adulta animada Rick e Morty (2013), que agora é a série mais assistida do Adult Swim. A série foca em um cientista gago chamado Rick e seu jovem companheiro, muitas vezes medroso, Morty, ambos paródias completas dos personagens originais, Doc e Marty, respectivamente.

O cenário principal, 1955, é o ano em que Albert Einstein, o homônimo do cachorro, morreu. É também o ano da inauguração da Disneylândia e da publicação de O Retorno do Rei, o terceiro e último volume de O Senhor dos Anéis, de J.R.R. Tolkien.

Embora os executivos do estúdio Universal tenham adorado a música The Power of Love, de Huey Lewis, ficaram decepcionados por ela não mencionar o título do filme, então tiveram que enviar memorandos às rádios lembrando os DJs de mencionar a associação da música com o filme.

Melora Hardin foi originalmente escalada para interpretar Jennifer, mas foi dispensada após Eric Stoltz ser dispensado, com a explicação de que a atriz estava alta demais para contracenar com Michael J. Fox. Hardin foi dispensada antes de ter a chance de filmar uma única cena e foi substituída por Claudia Wells.

A data “atual”, em que a viagem no tempo inicial ocorre, é 26 de outubro de 1985. No entanto, o filme estreou antes dessa data (a estreia nos EUA foi em 5 de julho de 1985). Isso significa que, da perspectiva do filme, o público que o assistiu durante seu lançamento inicial em alguns mercados (EUA, Austrália, Alemanha Ocidental e Itália) estava, na verdade, vendo o “futuro”, o que é uma bela coincidência, considerando o tema do filme.

O distintivo preto e vermelho que Marty usa em sua jaqueta jeans diz “Arte em Revolução”, uma exposição soviética de arte e design realizada na Hayward Gallery, em Londres, de fevereiro a abril de 1971.

Na cena de abertura, todos os relógios estão 25 minutos atrasados (segundo Doc Brown), exceto os dois relógios usados para acionar a automação: o da cafeteira e o que liga a TV.

Em um caso de vida imitando a arte, Tom Wilson (Biff) não se dava bem no set com o Marty McFly original (Eric Stoltz). Em entrevistas de bastidores, Wilson disse em particular que Stoltz o estava irritando na cena do restaurante quando Marty agarra Biff pelo colarinho para confrontá-lo. Wilson disse que Stoltz estava sendo tão metódico que apertou e quase quebrou a clavícula de Wilson na cena, levando Wilson a gritar para ele recuar.

Logo após filmar esta cena, Stoltz foi demitido (por não ser engraçado o suficiente em sua atuação). Ironicamente, esta foi uma das poucas cenas em que as filmagens originalmente filmadas com Stoltz foram para a versão cinematográfica: você pode ver a mão de Stoltz batendo em Biff na cena, não a de Michael J. Fox. Várias outras cenas de Stoltz foram para o corte final, geralmente onde ele não podia ser identificado, como um corte rápido de Marty mergulhando no DeLorean para escapar dos líbios. Relançamento da Universal Pictures em 5/11.

2 comentários sobre “Crítica | Filme | De Volta Para o Futuro – 40 Anos

  1. O filme De Volta Para o Futuro, foi lançado mais de dez anos antes de eu nascer, ainda assim, quando o assisti na adolescência, mesmo que não fosse um filme “moderno”, eu ainda gostei muito.

    A amizade entre os dois protagonistas, mesmo com a grande diferença de idade, foi o que mais me atraiu, além do tema que pareceu ser o mais presente: a loucura. Kkk

    Esse, com certeza, será um eterno clássico.

    Adorei saber tantas curiosidades sobre o filme. Obrigada!

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