O longa Kokuho é o maior recordista em bilheteria da história do Japão. O feito em si já seria motivo para comemoração. O recorde, contudo, torna-se ainda maior diante da temática e duração do filme.

Com quase três horas de duração, Kokuho acompanha cinco décadas da vida de dois atores do teatro kabuki, Kikuo Tachibana (Ryô Yoshizawa, Família) e Shunsuke Ogaki (Ryusei Yokohama, O Vilarejo), ambos treinados por Hanai Hanjiro II (Ken Watanabe, Resistência) e especializados em papeis femininos no kabuki.

A tensão entre os dois começa pelo fato de Kikuo ser não apenas uma pessoa sem conexão familiar com o teatro, mas também filho de um chefe da Yakuza, a máfia japonesa, enquanto Shunsuke é filho de Hanai Hanjiro II. A linha familiar é extremamente importante no kabuki, onde a carreira e o nome artístico passam de pai para filho, com as estrelas atuais carregando nomes como Ichikawa Danjuro XIII, Ichikawa Ebizo XI e Matsumoto Koshiro X, nomes que representam suas posições como herdeiros de uma longa linhagem. Ainda adolescentes, Kikuo e Shunshuke começam o rigoroso treinamento e uma história de rivalidade, amizade e enfrentamento das exigências determinadas pela herança paterna de ambos, expectativas sociais e definições sobre ambição, talento e direito à carreira artística.

A história de Kokuho é baseada no livro de Shuichi Yoshida, que trabalhou como assistente de palco em teatros kabuki para pesquisar o ambiente específico da história. Com direção de Sang-il Lee (Pachinko), Kokuho é o candidato do Japão ao Oscar na categoria Melhor Filme Internacional.

O sucesso do filme também impulsionou o turismo a Wakayama, onde estão o Templo Dojoji, o Hotel Itoh e a cidade de Iwade, locações usadas pela filmagem. Ingressos para o teatro kabuki também ganharam um aumento no interesse, em especial por parte de pessoas mais jovens, muitos comparecendo pela primeira vez a uma apresentação dessa arte tradicional.